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Ozzy Osbourne: feito de ligas de metal para sempre

Ozzy Osbourne: feito de ligas de metal para sempre

Ozzy não mudou. Mesmo sentado, como estava no último show, manteve-se elétrico e enérgico. E é capaz de que, se aparecesse um morcego desavisado por ali, acabasse no bucho do metaleiro

Ozzy Osbourne: feito de ligas de metal para sempre

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 24 de julho de 2025 às 06:50

Ozzy Osbourne morreu nesta terça (22), dia do cantor lírico, aos 76 anos. O Príncipe das Trevas enfrentava, há tempos, sérios problemas de saúde, incluindo o Mal de Parkinson. 17 dias antes, Ozzy pôde se despedir do público e do palco num show extremamente simbólico, no festival Back to the Beginning, realizado em sua cidade natal: Birmingham, na Inglaterra. O evento, transmitido por streaming para o mundo inteiro, reuniu uma verdadeira constelação do heavy metal, como Metallica, Guns N' Roses, Tool, Slayer, Pantera, Gojira, Alice in Chains, Halestorm, Lamb of God, Anthrax, Mastodon e Rival Sons, além, é claro, do Black Sabbath — a banda fundada pelo próprio Ozzy e que lançou as bases do movimento.

Curiosamente, na manhã da última sexta (18), avistei em São Paulo, numa singela banquinha de pastel com caldo de cana, o guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, a maior banda de metal do Brasil e uma das maiores do mundo. E aquele cenário que, apesar de paulistano, não remetia ao ambiente trevoso cultivado inicialmente pelo gênero artístico (tava até ensolarado), me fez pensar na evolução dos metaleiros até aqui. Houve tempo em que podia ser perigoso topar com os cabeludos nas ruas ou mesmo no palco: Lobão, Ney Matogrosso e Erasmo Carlos (in memoriam) que nos digam. O movimento era bastante sectário e, talvez, precisasse ser para fincar suas diretrizes. O cultivo de ideias satanistas e que tais (Sepultura, é o nome da banda) fazia parte do pacote. Havia lendas, como a de que Ozzy comia morcegos. Hoje, porém, o metal sabe explorar sua propriedade química de dar ligas. E o reality "Os Osbournes" mostrou que a família do homem é, afinal de contas, mais uma família.

Parece que tudo tende a certo apaziguamento: vale lembrar que o rei do iê-iê-iê brasileiro se tornou o cantor romântico das senhorinhas católicas. E o próprio Sepultura já tocou MPB. Ozzy, contudo, não mudou necessariamente. Mesmo sentado, como estava no último show, manteve-se elétrico e enérgico. E é capaz de que, se aparecesse um morcego desavisado por ali, acabasse no bucho do metaleiro.