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"Exílio" de conspiração

Oruam e MC do Poze são artistas negros, periféricos e perseguidos por isso ou são artistas que, simultaneamente, são homens faccionados
Foto: Reprodução
Recentemente, um debate artístico e racial dominou as redes e as editorias de cultura dos veículos. Os rappers cariocas Mauro Davi Nepomuceno, o Oruam, e MC do Poze são artistas negros, periféricos e perseguidos por isso ou são artistas que, simultaneamente, são homens faccionados, membros do Comando Vermelho, a facção do narcotráfico mais poderosa e violenta do Rio de Janeiro e em expansão pelo Brasil? Episódios envolvendo ambos há poucas semanas provocaram o posicionamento de centenas de artistas, influenciadores e até parlamentares defendendo-os, sob a pauta do preconceito racial.
Nesta segunda-feira, um novo episódio envolvendo a Polícia Civil do Rio de Janeiro levou outra vez Oruam para as manchetes. Era uma operação para prender um adolescente de 17 anos, membro do CV e anunciado pela Polícia Civil como chefe do líder Edgar Alves de Andrade, o Doca, e tido como, atualmente, o maior e mais ágil ladrão de carros da cidade. O jovem estava na casa de Oruam, uma mansão em um bairro nobre do Rio.
Equipe do ódio e perdão
A operação culminou com o rapper agredindo fisicamente o delegado chefe da operação e os agentes e apedrejando de próprio punho, da varanda da mansão, os automóveis da operação. As agressões, pedradas e provocações tinham um objetivo: era estratégia para os agentes se defenderem e irem para o embate com o rapper, gerando confusão e tumulto para o adolecente conseguir escapar de dentro da viatura, o que acabou acontecendo. O jovem, além dos predicados já citados, é o líder da Equipe do Ódio, o grupo de roubadores (sic) do CV no Rio. O episódio está em todos os jornais, sites e nas redes, pois o próprio Oruam, produzindo provas contra si mesmo, gravou as cenas e postou tudo.
Nos vídeos postados, Oruam faz questão de desafiar a polícia a ir prendê-lo no morro e provoca os agentes fazendo referência ao fato de ser filho de quem é: Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, um dos nomes da cúpula do CV, que de dentro da cadeia, em Campo Grande (MS), uma prisão de segurança máxima, comanda e coordena as ações da facção, no Rio e no país, como acontece hoje com todos os líderes de facções, como Fernandinho Beira-Mar e Marcola. Na terça, o rapper e o adolecente se entregaram à polícia. Oruam pediu desculpas aos fãs e prometeu “dar a volta por cima”. Teremos uma nova onda de apoio a Oruam nas redes?
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