
Do cacareco à tentativa de golpe, a farsa militar é exposta no STF
Não houve um estalo para Bolsonaro chegar à Presidência, foi um processo de deformações e desvios sucessivos da política e do Judiciário

Foto: Reprodução
No correr do julgamento da trama golpista, há um lado humorístico até: a defesa dos bravos generais envolvidos na condição de réus querendo agora negar a profundidade da sua ligação com Bolsonaro, da representatividade militar que indevidamente deram a ele mesmo contra toda a conformação constitucional legal do Brasil.
Esse ex-militar, ex-capitão, elevado à condição de chefe dos nossos generais, saiu do exército por prática de crime. Mas foi protegido por um conchavo que lhe garantiu a condição de reserva e não de expulso, como costumam escrever muitos jornalistas. Nessa condição de reserva, recebeu ao longo da vida o show de capitão, elegeu-se por 28 anos, ocupou um lugar na Câmara em sucessivas eleições por votos dos militares da ativa, da reserva e grande parte de suas famílias.
Negação covarde
No geral, a sempre citada família militar é a garantidora das eleições dos Bolsonaros, que nesses 28 anos não deixa nos registros históricos da Câmara nem um só projeto útil aprovado. Deixa só fez bagunça idiota, insultos à respeitabilidade merecida pelo Congresso. E depois ele se elegeu com o golpe da Lava-Jato, que não foi mais nem menos do que um golpe por meio judicial.
Agora, depois de terem dado força política a essa figura, os generais tentam negar seu profundo elo com Bolsonaro. Que covardia!
Ficam muito mal os generais e, por consequência, os seus defensores, que até agora não se mostraram capazes de encontrar algum argumento convincente, respeitável em defesa dos seus clientes.
Do cacareco à Presidência da República
O pulo de paraquedas de Bolsonaro até chegar à Presidência já tinha sido dado há muito tempo, sendo ele o porta-voz na Câmara do “pensamento” político dos militares. Quando vem a eleição, não havia ninguém que se distinguisse ali para ser o aceito majoritariamente como candidato em disputa com Lula. Bolsonaro se lança quase como um cacareco.
Judiciário cúmplice
As condições de insuficiência, fragilidade e fraqueza eleitoral dos outros partidos facilitaram a projeção de Bolsonaro, que se projetava em razão do discurso insultuoso e ameaçador que ele andou fazendo. Isso facilitou o início de projeção dele que vem a coincidir com a Lava-Jato.
A Lava-Jato era a devastação da política. Bolsonaro era a devastação da política, era o antipolíticos e antipolítica. Essa conjuminação - o militares gostam muito desse verbo - de fatores deu a ele de presente a Presidência da República, que ele não soube exercer. E nem assumiu para exercer a Presidência, ele assumiu para fazer uma devastação e fez.
Não houve um estalo para Bolsonaro chegar à Presidência, foi um processo de deformações e desvios sucessivos da política e do Judiciário. Não se pode esquecer o que diz respeito ao Judiciário: além dos ativistas da da Lava-Jato, tem o papel do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot; do Conselho Nacional de Justiça, que engoliu tudo direitinho; do Supremo Tribunal Federal, que aplicou decisões muito favoráveis ao golpe judicial, e por aí afora.
Esses outros componentes da conspiração e do golpe têm sido preservados. Lamentavelmente, é mais uma falsificação histórica que se junta à longa série de adulterações da história do Brasil.
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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