O Diabo Dudu: menos rima, mais solução

Ando com o vazio cheio de tanto boleiro direitinho, desses que botam Jesus na fala sempre que dão entrevistas, e que, quando marcam raros gols, ajoelham em campo como se estivessem em templos, e se põem a orar, de araque, como se fossem pios crentes, os ditos “atletas de Cristo”, enfim, que hoje abundam (epa!) mais que chuchu nos alambrados dos campinhos de várzea.

Daí que, de repente, não mais que de repente, aparece no meu Vitória um Dudu meio amalucado, que tanto domina as artes da bola quanto as de ser expulso de campo! O que, convenhamos, num futebol tão marcadamente frequentado por santinhos do pau oco, logo o faz, para os geraldinos das arquibancadas e para os doutos da crônica esportiva, o Diabo do Sétimo Livro, o Satanás do Quinto dos Infernos, o Cão Danado, em sua mais completa tradução.

Então, o meu Eu torcedor, na cata do avesso do avesso até mesmo na complicada seara do ludopédio (aos dicionários, incréus!), caio de amores justo por esse Dudu, que, repito, joga bola que só a porra e é expulso de campo que só a porra e meio, a quem jamais flagrei a usar o Santo Nome de Deus em vão, em microfones ou fora deles: usa cabeça, tronco e membros tanto para jogadas magistrais, quanto para cometer faltas fatais, daí ser ele o l’enfant terrible do dessaborado futebol brasileiro no presente, a lembrar o finado Almir Brasinha, e tantos outros desbussolados, que frequentaram os nossos gramados no passado.

Sei não, possa ser que o maluco seja eu, não o Dudu!

Mas, fosse o Fernando Vita, este que agora vos aporrinha com a sua insensatez, o contido Jair Ventura, a quem, por desventuras da vida (quem mandou não estudar?), cabe comandar o time do Vitória em seu atual perrengue para evitar a volta à Segunda Divisão, botaria o Dudu em campo, de prima, em todos os jogos restantes do time, mesmo que,
em razão das suas já esperadas e previsíveis expulsões, só o tivesse à mão jogo sim, jogo não.

É que, para o dito Ventura, que tem à sua disposição um elenco de quinta, ainda que de primeira nas artes de agradecer a Deus até pelas graças não alcançadas, loucura pouca é bobagem.

Quem sabe se Ele, tão invocado aos microfones por tantos boleiros incréus, não delegou justo ao Dudu Diabo a tarefa milagrosa de conduzir o nosso Vitória ao Reino da Salvação?

Amém, Jesus!