
Clarindo Silva no IGHB e o play no Hino Nacional
O que se chama de democracia por aqui é algo muito esquisito. Fecha parênteses

Foto: Reprodução
Nesta terça-feira (9), fui à sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) para assistir a diplomação de Clarindo Silva como membro da entidade. Aqui cabe um parênteses breve e necessário: naquele mesmo dia, a ialorixá Olga do Alaketu completaria 100 anos se viva fosse, ela que esteve, por tanto tempo, à frente do Ilê Maroiá Laji, um dos mais antigos terreiros do país. Achei feliz a coincidência. Fecha parênteses. Cheguei contente à "casa da Bahia", especialmente por vê-la cheia e vibrante. E aqui vai outro parênteses: recentemente, o IGHB ganhou uma pendenga judicial que o assegurou voltar a receber uma verba do estado para sua manutenção. Subvenção esta garantida por lei, mas que tinha sido cortada por censura ideológica. Dizem que o atual presidente do instituto convidou um bolsonarista a palestrar ali e o governo petista não gostou. Bom, se se fosse aplicar a mesma lógica, quantas entidades seriam sabotadas em governos mais alinhados à direita, por promover palestras de lulistas? Já pensou se em São Paulo, por exemplo, o governo decidir cortar verbas de todos os institutos e universidades que dão espaço a esquerdistas? O que se chama de democracia por aqui é algo muito esquisito. Fecha parênteses.
Num determinado momento, o mestre de cerimônias convocou a todos a, em posição de respeito, escutarmos o hino nacional. Ficamos em pé. fez-se silêncio. E nada. Algum erro no sistema de som ou em sua operação. A diplomação continuou e o senhor anunciou novamente que agora sim ouviríamos o hino. Novamente de pé. E... nada. Me pus a observar melhor o quadro de associados, a composição da mesa, e me preocupei com a questão da renovação. Meu palpite é que ninguém ali sabe apertar o play, ativar o bluetooth. Porém, foi diplomado também um jovem historiador chamado Enzo — com esse nome típico de uma geração, o que me deu esperanças. Outro novo membro, o político João Roma, levou seu filho para receber o diploma junto consigo. Gesto que achei bonito. O menino estava grudado no celular, como costuma ser nessa idade. E eu tenho certeza de que, se tivessem pedido ajuda a ele, o hino tocaria até mesmo nas gravatas dos velhinhos.
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