
Dia dos pais ou outra meia mesmo serve
A verdade é uma só: no dia dos pais serve tudo, qualquer coisa, inclusive nada

Foto: Reprodução
Talvez você nem se lembre, já que o bombardeio publiclitário que acontece em maio não se repete em agosto, mas, no próximo domingo é o dia dos pais. Fiquei em dúvida se grafava com iniciais maiúsculas, mas, por via das dúvidas e das dívidas, em caixa baixa mesmo serve. Aliás, serve qualquer coisa: um par de meias do mesmo pacote de três do ano passado, que você ainda tirou um para uso próprio. Uma cueca de 5 reais da Canal Jeans (lembra da Canal Jeans?). Um armengue feito com miojo, tão incompreensível que parece arte pós-moderna. Pois a verdade é uma só: no dia dos pais serve tudo, qualquer coisa, inclusive nada. Há até um episódio de "Todo Mundo Odeia o Chris" sobre isso. E olhe que Julius é um pai super presente. De qualquer forma, sempre me pergunto se o desleixo com o presente dos pais tem a ver com a grande quantidade de pais ausentes.
Bom, se for por isso, me parece ainda mais errado. Creio que presentear os pais de verdade com dignidade e atenção genuínas serviria de incentivo às reivindicações, legítimas, para que os outros cumprissem seus deveres. E, por definição, premiaria aqueles. A verdade, porém, é que ninguém tá nem aí para o segundo domingo de agosto. Nem a Boticário. Nem os camelôs da Avenida Sete. No máximo, os filhos mais dedicados compram uma camisa do time do coração do velho, que é algo em que não se precisa elaborar muito. Há uma certa dureza, uma falta de carinho congênita vivida entre pais e filhos que colabora nessa ausência festivo-afetiva. Uma limitação ligada ao suposto papel do homem. E isso precisa se quebrar. Os pais têm que beijar suas crias. E receber-lhes os beijos diariamente.
De presente meu a todos os pais, um poema do goiano Carlos Edu Bernardes:
Meu pai tem Alzheimer
e todo dia me pergunta
que dia é hoje.
Eu digo que é Dia dos Pais
e tasco-lhe mais um abraço.
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