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William Bonner e a TV aberta

William Bonner e a TV aberta

Os feeds estão até agora tecendo considerações sobre a saída de Bonner do JN. Os telespectadores, à direita e à esquerda, regurgitam suas mágoas, na linha ‘no jornalismo, ninguém nunca presta mesmo’

William Bonner e a TV aberta

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 04 de setembro de 2025 às 07:09

No dia em que o Jornal Nacional completou 56 anos, William Bonner, 61 anos, o mais longevo âncora do mais importante telejornal do país, anunciou sua saída do posto que ocupa desde 1996, portanto há quase 30 anos. Muito se fala no ocaso da TV aberta no Brasil, por conta do protagonismo assumido pelos formatos permitidos pelas plataformas digitais. Mas todos os dias se veem evidências do quanto o telejornalismo tradicional ainda tem legitimidade, relevância e prestígio. 

O anti-globo mais empedernido do mundo, se dá uma entrevista para a emissora, passa as próximas horas avisando a Deus e o mudo que vai estar no programa X ou Y. Se for para o JN então… a sensação parece ser a de que a pessoa gabaritou sua relevância e importância na existência toda. O anúncio de Bonner, de que no dia 03 de novembro o jornalista César Tralli passa a ser o âncora do Jornal Nacional, ocupou um destaque imenso em todos os veículos de imprensa no Brasil, concorrência incluída. 

Nas redes, nem se fala. Os feeds estão até agora tecendo considerações. Os telespectadores, à direita e à esquerda, regurgitam suas mágoas, na linha ‘no jornalismo, ninguém nunca presta mesmo’. A esquerda alinhada ao PT faz posts rancorosos atribuindo a Bonner e às imagens dos dutos enferrujados jorrando dinheiro a chegada de Bolsonaro à Presidência da República. O bolsonarismo, vai numa de ‘já vai tarde', atribuindo ao mesmo Bonner as mágoas da população contra Bolsonaro na cobertura pelo JN das omissões sanitárias do então presidente durante à Covid. 

Pernas de Tralli e Odete

Nos números superlativos na trajetória de Bonner na Globo, está, inclusive, o tempo que levou entre a decisão de deixar a bancada do Jornal Nacional e a concretização disso no anúncio público: cinco anos. A decisão foi tomada durante a pandemia. Vai para o Globo Repórter, o único programa jornalístico da casa onde nunca atuou. 

César Tralli, 54 anos, assume o posto, deixando a bancada do Jornal Hoje e o jornalismo da Globo News. Muda-se de São Paulo para o Rio e, também, como Bonner, passou por praticamente todos os jornalísticos da Globo. É um dos melhores repórteres da emissora, sobretudo no campo de investigações e operações da Polícia Federal, do Judiciário e da Receita. Nos últimos dias, tornou-se meme, no resgate de uma entrevista de Alcione a Pedro Bial, em que a cantora revela ter fetiche por suas pernas. Na bancada do JN, as pernas de Tralli ficarão mais escondidas do que são hoje, no JH. A TV aberta no Brasil continua muito viva. Bonner, Tralli e Odete Roitman que o digam.