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Nosso Rubicão

Ai quantas saudades dos gols de letra, principalmente, na época que ainda eram tratados por tentos. Ou versos...

Foto: Reprodução Jornal Metropole
O futebol – com os seus arautos da crônica esportiva – também é cultura. Vejam quantas contribuições ele, os das teclas e os dos microfones, remetem aos dicionários, desde os tempos em que Dondinho ainda jogava no Andaraí. Sei lá quem foi Dondinho, muito menos por onde joga – ou não joga mais. O certo é que a novidade da vez, no falar que vem dos estádios, é a figura do “falso nove”.
Não me perguntem igualmente que porra é “falso nove”, que não lhes saberei responder, sendo de bom alvitre consultar o professor Sílvio Mendes da Paixão, o que “segura a cabecinha de mamãe”. É de bom alvitre também dizer que, igualmente, não domino de que mamãe é a cabecinha que o Sílvio da Metropole manda segurar. A do próprio Sílvio é que não deve ser.
Cabecinhas de mamães postas de lado, voltemos ao “falso nove”, que, como já disse, não sei que porra vem a ser, mas, como pensar é só pensar e, ainda!, não custa um centavo e nem paga imposto, imagino que seja o “falso nove” o antigo centrefó, palavrinha muito jeitosinha, com assento nos dicionários desde sempre, mas já em desuso pelos magos da crônica de hoje.
Centrefó este que em tempos idos plantava-se na área, envergando uma jaqueta com um nove às costas, trombando com os fubeques (Jesus, por onde andam os fubeques de antanho, todos hoje tratados por zagueiros?) e faziam gols a dar de pau, sendo que os “falsos noves”, noves fora nada, já não fazem tentos a dar de pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um toco sozinho, gol poético do Jobim, ai quantas saudades dos gols de letra, principalmente, na época que ainda eram tratados por tentos. Ou versos...
Mas, de tanto ver triunfarem os “jogadores de beirada”, os “pontas avançados” e os igualmente pontas, mas recuados, sem olvidar os “atacantes de ofício”, seja lá que desgrama isso venha a significar, crendo que o ofício do atacante é atacar, sempre. Sendo de ofício ou não, só de pura sacanagem (ai do mundo se não fossem os sacanas!), aventuro imaginar que, em sendo o “falso nove” um nove de cabeça para baixo, um seis, portanto.
E se no vice-versa e no versa-vice pegarmos este mesmo seis e o voltarmos para a sua situação original, ele torna a ser nove, um lídimo “sessenta e nove” teríamos, em suas múltiplas funções, no futebol ou fora dele, que é assim que caminha a humanidade, ela, toda ela, de ponta cabeça, saudosa dos tempos do córneres, dos ofissaides, dos bandeirinhas, dos beques, dos fubeques, dos golquíperes, dos Pelés, Dendês, Coutinhos, Mericas, Garrinchas, Bobôs e Baiacos, que falta eles fazem às nossas tardes de domingo, quando o Brasil ainda era o País do Futebol.
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