
Consciência Negra, organizemos a nossa indignação!
A luta antirracista não é sobre números, mas contra um genocídio que vai além da morte física, ecoando no grito: “Parem de nos matar!”

Foto: Metropress
Falar em esperança hoje é um ato de resistência. No Brasil, a partir das jornadas de 2013, uma janela de oportunista se abriu para uma agenda liberal, culminando no impeachment de Dilma, na ascensão de Temer e, depois, no governo Bolsonaro. O resultado foi um projeto de desconstrução nacional, cujo trágico legado inclui mais de 700 mil mortes na pandemia, agravadas pela desinformação oficial.
Este contexto aprofundou abismos históricos. “Enquanto houver racismo, não podemos falar em democracia”, alerta o movimento negro. Dados da Oxfam já mostravam que os 5% mais ricos detinham a mesma renda que os outros 95%. Na Bahia, negros ganham 42% menos que brancos; entre as mulheres negras, a diferença salarial chega a 50%. A informalidade e o desalento também atingem desproporcionalmente a população negra.
Diante disso, é preciso transformar a esperança em verbo: é preciso Esperançar. A luta antirracista não é sobre números, mas contra um genocídio que vai além da morte física, ecoando no grito: “Parem de nos matar!”.
As conquistas vieram da rua, do Movimento Negro: a ressignificação do 20 de Novembro, a criação da Fundação Palmares, a Lei 10.639/03 e as políticas de cotas que revolucionaram o acesso ao ensino superior.
Não podemos cair na armadilha do individualismo ou naturalizar as desigualdades. O racismo é mutante e se disfarça em meritocracia e tokenismo. Nossos títulos acadêmicos devem servir ao povo, não a uma torre de marfim. A verdadeira mudança é coletiva.
Como ensina Felwine Sarr em "Afrotopia", é preciso “curar-se e nomear-se” das feridas narcísicas da opressão. A cura é comunitária, encontrada na música, na fé e na ação política. Para esperançar, é preciso organizar a indignação e ampliar a representação negra no poder.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.

