
Bahia
'Resistência e existência': fotógrafo baiano retrata luta por autodeterminação de diversos povos do mundo
Rogério Ferrari comenta o contato que teve com palestinos sob ocupação israelense e em campos de refugiados no mundo

Foto: Metropress
O fotógrafo Rogério Ferrari, baiano de Ipiaú, narrou o contato que teve com povos em situação de ocupação e a luta pelos direitos fundamentais ao redor do mundo. Autor do projeto "Existência-Resistência", que retrata através de imagens e relatos a condição dessas populações, ele conversou com Mário Kertész na manhã de hoje (8), do Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole. Ele contou como surgiu a ideia de abordar as pautas dos direitos civis.
"Eu comecei a delinear à medida que fui fazendo e, quando estava na Palestina, eu percebi que retratar, descrever ou informar não caberia numa reportagem. Comecei a delinear a partir daí vislumbrando uma ideia de livros e uma sequência de temas relacionado à essa perspectiva", comentou Ferrari.
Ele conta como teve a intenção de registrar o conflito entre palestinos e israelenses. A compreensão dele é de que, através da fotografia, era possível construir uma narrativa sobre povos e movimentos que lutam por autodeterminação, ou seja, pelo direito de existir de acordo aos seus parâmetros culturais próprios.
"É um dos conflitos mais antigos e irresolutos da história da humanidade. De modo geral, as pessoas não têm uma compreensão clara. De imediato, há um entendimento como se fosse um problema entre judeus e muçulmanos, um dos maiores equívocos iniciais de pensar esse problema como se fosse entre esses dois. Não se trata de uma questão religiosa. Depois, fundamentalmente, há uma questão relacionada ao que foi a decisão da ONU, tomada em 1948, como forma de conhecer ou contemplar uma reinvindicação histórica ou dos israelenses ou dos judeus. Parte da comunidade judaica não se sente contemplada e não compactua com o que foi a decisão do estado de Israel. Era um território onde esses povos conviviam pacificamente", afirmou o fotógrafo.
Rogério Ferrari ainda comentou que o conflito na Palestina conta com a "conivência e complacência, além da incompetência, da comunidade internacional".
"Embora o estado de Israel tenha se estruturado como uma das maiores potências militares do mundo, efetivando uma política atroz, cruel e paradoxal, no sentido de que, se a gente pensa o que é a história e sofrimento do povo judeu, era de se esperar que aquela história que bem diz Paulo Freire não acontecesse, do oprimido se transformar no opressor. De alguma maneira, isso é o que acontece em Israel. É uma atitude racista, de negação de direito de existência do povo palestino. Isso está, além de sustentado, pelo que é a hipocrisia do que é a geopolítica internacional", disse o fotógrafo.
Ele traçou um paralelo da situação em Israel e comparou com o Brasil, que também registra uma série de ocorrências de ameaças aos direitos humanos. "A situação do povo palestino, de modo geral, é inaceitável. Com relação ao que é a compreensão do conflito, o cotidiano é o assassinato de crianças desarmadas. Não se trata de um conflito convencional de dois exército, com armas convencionais, um de lá e outro de cá. Mas uma situação de uma população ocupada, ortigada cotidianamente e sendo assassinada de uma maneira deliberada pelo simples fato de ser palestina. Um pouco como acontece aqui no Brasil, o que as forças de seguranças ao verem um negro ou um pobre, de imediato, suscita a decisão de que são suspeitos e desprezíveis, possíveis de serem assinados. Há uma equivalência nessa percepção", afirmou.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.