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Sábado, 16 de março de 2024

Bahia

Vereadora acusa colega de assédio sexual e racismo na Câmara Municipal de Camaçari

A Casa Legislativa informou que será avaliado se o teor das acusações é passível de abertura de processo disciplinar

Vereadora acusa colega de assédio sexual e racismo na Câmara Municipal de Camaçari

Foto: Divulgação/Ascom Professora Angélica

Por: Mariana Bamberg no dia 06 de julho de 2022 às 13:34

A Câmara Municipal de Camaçari virou centro de acusações de racismo e assédio moral e sexual. Na última terça-feira (5), a vereadora Professora Angélica (PP) entrou com uma representação na Casa contra um colega, o também vereador Dentinho do Sindicato (PT).

A vereadora acusa o colega de a ter ameaçado com a cópia de um cheque assinado por ela e ainda de tecer comentários racistas e machistas contra ela. De acordo com Professora Angélica, desde o mês de abril deste ano, Dentinho do Sindicato tece, ao pé do ouvido, comentários sobre as roupas dela. 

“Ele falava que meus vestidos eram curtos, decotados. Perguntava por que eu não ia logo nua para a plenária. Isso sempre no pé do ouvido. Até que, no dia da festa de 74 anos da Câmara, respondi, em voz alta, o nome do meu esposo, que estava no local”, contou. 

Segundo Professora Angélica, em um outro episódio no plenário da Câmara, após ambos se exaltarem por uma confusão com os lugares onde sentariam, o vereador teria chamado a colega de “neguinha de cabelos de fio”. Ele teria ainda, segundo a vereadora, passado a mão no corpo dela por baixo da mesa. 

“Depois, na saída, eu estava com meus assessores e ele veio me abraçar, disse que estava brincando, mas eu não respondi. Ele também tentou falar comigo por telefone, mas não atendi. Levei a situação para a Câmara e para meus advogados”, disse.

De acordo com a vereadora, o cheque que o colega usava para ameaçá-la era referente a uma compra de cadeiras para o Centro Educacional Bittencourt, feita em 2018. A pepista conta que as ameaças não eram claras, mas ele afirmava que iria tirá-la do cargo de vereadora e que a cadeira legislativa não era o lugar para ela.  

Procurado pelo Metro1, o vereador disse, em nota, que está espantado e perplexo com as acusações. Em sua defesa, o ele acusa o uso das pautas do racismo e do assédio como “trampolim político no momento em que a sociedade mais avança sobre esses temas”.

“Eu, como homem negro que sou (não retinto), repudio veementemente as ilações contra mim levantadas, bem como pela utilização indevida desta luta em caráter politiqueiro e sigo com a certeza de que a verdade prevalecerá, valendo-me de todos os instrumentos legais cabíveis para tanto”, declarou.

Dentinho do Sindicato declarou ainda que, durante toda a sua vida, lutou contra esses tipos de práticas criminosas, “tanto na porta das fábricas quanto em seu convívio social”

A Câmara Municipal de Camaçari informou que já notificou o vereador sobre a existência da representação e que um prazo será aberto para que ele apresente uma resposta. A Casa reiterou que repudia todo e qualquer ato de preconceito e se comprometeu a apurar os fatos com rigor. Após a apuração, será avaliado se o teor das acusações é passível de abertura de processo disciplinar.