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“Não sabemos como vamos caminhar”, diz diretor do Cine Glauber Rocha

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“Não sabemos como vamos caminhar”, diz diretor do Cine Glauber Rocha

Com salas vazias, o gestor Claudio Marques diz estar extremamente pessimista sobre o futuro do espaço

“Não sabemos como vamos caminhar”, diz diretor do Cine Glauber Rocha

Foto: Reprodução

Por: Luciana Freire no dia 23 de agosto de 2021 às 19:17

Neste domingo (22) fez 40 anos da morte de Glauber Rocha, um dos maiores cineastas brasileiros. Baiano, ele é o patrono do Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, na praça Castro Alves. O único cinema de rua na cidade — fora o Tupi. Em entrevista à Rádio Metropole, o cineasta e diretor do espaço, Claudio Marques lamentou que o centro histórico esteja com pouco movimento.

"Depois que abrimos o Espaço de Cinema Itaú Glauber Rocha para conseguir achar uma equação para que esse espaço retomasse a vida foi muito difícil. Agora tem outros equipamentos ali perto, hotéis, o próprio Gregório de Matos retornou a vida. E então veio a pandemia. Está muito difícil. Essa situação é muito mais longa do que qualquer um de nós poderia imaginar. A sala de cinema tá vazia por muito tempo, a gente não tem receita. Confesso que nesse exato momento a gente já não sabe mais como as coisas vão caminhar. Se a pandemia tivesse terminado há um mês atrás eu não estaria tão pessimista como estou hoje", disse Claudio.

Para ele, falta uma maior valorização do cinema pela população, em união à políticas públicas do governo, e que isso pode ser aprendido nas experiencias em outros países.

Claudio Marques falou ainda sobre como "descobriu" Glauber Rocha. "Quando jovem eu nunca tinha assistido um filme de Glauber no cinema. Eu, na minha arrogância, dizia até que não gostava dele: 'não sei o que que vem Glauber'. Daí em 92 eu fiz minha primeira viagem internacional, foi para a França. Eu tava em Paris me achava uma pessoa de literatura, só que Paris é uma cidade dos cinemas. Em um dos centros culturais que eu gostava muito de ir tinha uma sala de cinema. Um dia vi uma fila gigantesca, muito fora do comum, e descobri que se tratava de uma retrospectiva completa em 35mm de Glauber Rocha. O primeiro filme que assisti foi Terra em Transe e foi aquele momento de epifania, Momento que a gente passa algumas vezes na vida e sabe que tem uma transformação dentro da gente, que nada mais vai ser como era antes", afirmou o cineasta.