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Morre dona Judite Veloso, tradicional rezadeira do Santo Antônio Além do Carmo, aos 89 anos

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Morre dona Judite Veloso, tradicional rezadeira do Santo Antônio Além do Carmo, aos 89 anos

Entre os males que ajudou a curar se destacam espinhela caída, erisipela e o famigerado mau olhado

Morre dona Judite Veloso, tradicional rezadeira do Santo Antônio Além do Carmo, aos 89 anos

Foto: James Martins / Metropress

Por: James Martins no dia 12 de maio de 2025 às 14:27

Morreu nesta segunda-feira (12), aos 89 anos, a rezadeira Judite Veloso Gama, figura marcante do bairro de Santo Antônio Além do Carmo. Natural do município de Cachoeira, ela chegou a Salvador muito jovem, iniciando a vida como empregada doméstica. Nos últimos tempos, dona Judite enfrentava sérios problemas de saúde e, enfim, "descansou", segundo comunicou a própria família ao Metro1.

O sepultamento ocorre às 15 horas, no cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, na Quinta dos Lázaros. 

“Com três te botaram, com dois eu te tiro. Com o poder de Deus e da Virgem Maria”, era um dos versos proferidos por ela no exercício da função que praticou por décadas a fio. Na placa afixada na fachada de sua casa, no largo de Santo Antônio, a garantia de curas para males como peito aberto, espinhela caída, derrame, erisipela e, especialmente, o famigerado MAU OLHADO - escrito em letras garrafais.

“Feitiço não mata, mas olho gordo mata. Muitos chegam cabisbaixos, doentes e sem ânimo. A inveja faz isso, mas o poder da reza pode mandar tudo isso para bem longe”, declarou a rezadeira certa vez, ao site LeiaMaisBa.

A clientela de dona Judite (que tinha tão boa relação com o clero romano que até reservou um cantinho para o Frei Ronaldo em sua porta, marcado com placa de mosaico) era formada por gente simples do povo e também por celebridades. Destaque para a socialite Narcisa Tamborindeguy, que jamais visitava Salvador sem passar pelas folhas e esconjuros da doce senhora, conhecida de todos no bairro onde viveu tanto tempo.

"Era uma pessoa gentil da vizinhança. Vai fazer muita falta, com certeza. Marcou época no largo. O Santo Antônio está mudando muito de perfil e espero que a perda de dona Judite não sirva para descaracterizar ainda mais", diz Jorge Carvalho, morador da região.