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Com quase 100 dias de administração, Hygia já deixa suas marcas na maior maternidade de Salvador
O Instituto Hygia administra a Maternidade de Referência Prof. José Maria de Magalhães Netto há três meses, mas tão pouco tempo já foi suficiente para que a organização social só colhesse insatisfação por parte de seus profissionais [Leia mais...]
Foto: Tácio Moreira/Metropress
O Instituto Hygia administra a Maternidade de Referência Prof. José Maria de Magalhães Netto há três meses, mas tão pouco tempo já foi suficiente para que a organização social só colhesse insatisfação por parte de seus profissionais.
No último dia 17, médicos da maternidade paralisaram as atividades, reivindicando salários atrasados e a regularização de seus vínculos de trabalho. De acordo com o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), o modelo de contrato de gestão é “fraudulento”, o que tem incomodado os profissionais. “Os médicos querem uma relação formal, com assinatura de suas carteiras e também o pagamento em dia”, afirma Francisco Magalhães, presidente do sindicato.
Mas, para quem conhece o histórico da Hygia, isso não surpreende. Acusada de deixar um rombo de mais de R$ 95 milhões no Hospital Municipal de Barueri, em São Paulo, a organização social deixou a cidade paulista pela porta dos fundos, com funcionários denunciando atraso de salários e falta do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). E, ainda assim, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia permitiu que a Hygia comandasse a maior maternidade pública da cidade.
Sindicato dos médicos cogita greve
O presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia afirmou que uma nova paralisação depende das próximas reuniões que terão com o Instituto Hygia. “A expectativa que temos é a de que a gente consiga resolver esse problema. Ficou patente pelos médicos a necessidade de se resolver isso para que não venha acontecer uma greve por tempo indeterminado. Isso pode vir a acontecer, a gente espera que não. Mas queremos, de uma forma ou de outra, resolver essa situação. É a única coisa que queremos”, declarou Magalhães.
O sindicalista afirmou que a categoria está alerta para reagir a novas irregularidades praticadas pela Hygia. “É uma pergunta difícil de se responder. Eu espero que aqui ela não venha trazer nenhum histórico de dano ao trabalhador e a população. Estamos vigilantes. Toda essa demanda que temos hoje, temos sido vigilantes, temos contado com o Ministério Público do Trabalho. Quando a gente sente nenhuma condição de mudar [a situação], vamos para a Justiça buscar os nossos direitos”, falou.
“Eu não quero ouvir”
Recentemente, uma das gestoras da Hygia assumiu à Metrópole que trocou o “filé mignon” dos profissionais da maternidade. Talvez para não ser traído pelas próprias palavras também, o administrador da Hygia, Carlos Alberto do Espírito Santo, reagiu com agressividade ao questionamento da Metrópole sobre a insatisfação dos profissionais. Interrompendo a pergunta da reportagem, afirmou, em tom professoral, que tínhamos a “obrigação” de procurar a assessoria do Instituto. “Não quero ouvir. Não dou mais informações a vocês. E acabou. Bom dia”, disse, desligando o telefone.
Sesab finge que não é com ela
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) respondeu de maneira evasiva ao questionamento da Metrópole sobre a insatisfação dos profissionais e o passado problemático da Hygia. “A Sesab esclarece que não tem ingerência sobre as contratações dos profissionais feitas pelo Instituto Hygia”, declarou, por meio de nota. No texto, a Sesab afirmou que paga regularmente a Hygia e as outras organizações sociais que administram unidades de saúde, além de “fiscalizar o cumprimento de metas quantitativas e qualitativas”.
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