Cidade
Governo cobra agilidade da prefeitura de Salvador para emissão de alvará do Estádio de Pituaçu

Prédio já serviu de morada para médicos e médicas que, com sua ciência e muito estudo, revolucionaram para sempre a história do Brasil e da Bahia
Foto: Tácio Moreira/Metropress
Fundada em 1808 a partir da assinatura do documento que ordenava a criação da Escola de Cirurgia da Bahia,
sob comando de D. João VI, a Escola de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) passa por maus momentos. Alvo de diversas obras ao longo do tempo, que nunca se concluíram, o prédio virou um emaranhado de puxadinhos e salas que estão a um fio de cair.
A gravidade da situação já foi parar até mesmo na Justiça. Em recente manifestação, a Justiça Federal acatou pedido do Ministério Público Federal e ordenou a restauração e conservação dos prédios dos anexos II e III, situados no Largo do Terreiro de Jesus, no Pelourinho, em Salvador. De acordo com apuração do MPF, o imóvel encontra-se em péssimo estado de conservação, demandando reparos emergenciais, bem como reforma completa, o que levou o órgão a ajuizar ação civil pública, em 2017, para evitar o seu arruinamento.
Na sentença, assinada em 24 de outubro, a Justiça Federal determina que o Iphan apresente, no prazo de 120 dias, projeto para execução das obras de conservação de restauração dos imóveis, o qual deve ser elaborado em conjunto com a Ufba e executado. Determina, ainda, que sejam realizados serviços emergenciais no prazo de 60 dias, sob pena de multa de R$ 5 mil por dia de descumprimento.
Marco na construção do saber e da história do Brasil, o prédio situado no Largo do Terreiro de Jesus é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan) – não que isso garanta muita coisa, tendo em vista o estado de miséria atual. O processo foi concluído em dezembro de 2015. O tombamento reconhece o valor histórico do edifício e a história do ensino da medicina no país, além de seu valor artístico e arquitetônico. O atual edifício foi construído em 1905 após o incêndio do prédio anterior, o Colégio dos Jesuítas, que fora sede da primeira Faculdade de Medicina do Brasil, criada em 1908.
Procuradora da República, Bartira de Araújo Góes afirmou ao Jornal da Metrópole que o prédio corre risco sério de desabamento, caso as reformas não sejam executadas dentro do prazo dado. “A situação é muito precária. Principalmente a cobertura e o assoalho. Um nível muito preocupante. Os danos se hoje poderiam acarretar em um desabamento. Os pavilhões II e III já não são mais usados justamente por conta da situação em que se encontrar. Então, a nossa ação foi no sentido de manter as características de um prédio que é muito caro à nossa história, de uma construção do século passado”, afirmou.
Responsável direta pela edificação, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) não foi acionada judicialmente, segundo a procuradora, por conta da situação financeira que passa. “Nesse caso, decidimos acionar o Iphan, pois ele é corresponsável”, apontou. Em abril de 2018, o MPF já havia conseguido liminar que determinava, sob a responsabilidade primária da Ufba, a realização de loteamento do perímetro dos prédios dos anexos II e III.
Apesar de amargar hoje o descaso do Poder Público, o prédio já serviu de morada para médicos e médicas que, com sua ciência e muito estudo, revolucionaram para sempre a história do Brasil e da Bahia. Por lá já passaram nomes como Manuel Vitorino, Afrânio Peixoto, Nina Rodrigues, Oscar Freire, Alfredo Brito, Juliano Moreira, Martagão Gesteira, Prado Valadares, Pirajá da Silva e Gonçalo Muniz.
Além disso, os salões da faculdade serviram de palco para acirradas discussões, agitados debates e até mesmo lutas armadas, que marcaram decisivamente os rumos tomados pelo contexto social e político nacional - como na Guerra do Paraguai, na Guerra de Canudos e na Segunda Guerra Mundial.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.