Editorial
“O PT afrontou a mesma elite que nunca ganhou tanto dinheiro como nos governos Lula", diz MK
Mário Kertész analisou os primeiros mandatos do presidente Lula e os acontecimentos políticos posteriores no país
Foto: Reprodução/Youtube
Em seus dois primeiros mandatos, o presidente Lula conseguiu fazer uma revolução na distribuição de renda. Não conseguiu, no entanto, instaurar necessárias reformas administrativas e políticas e no sistema da democracia representativa brasileira. Essa foi a análise feita por Mário Kertész nesta sexta-feira (6). No Jornal da Bahia no Ar, ele fez um histórico dos últimos anos da política brasileira e pontuou que um dos grandes feitos do partido do presidente foi afrontar a elite brasileira, classe mais beneficiada financeiramente nos dois primeiros governos dele.
MK iniciou pontuando que Lula era a única pessoa capaz de vencer Jair Bolsonaro em 2022, e que a figura do ex-presidente não foi criada e fortalecida pelo acaso. “Havia e ainda há uma parte de um sentimento contra o PT. Primeiro porque o PT também fez muitas coisas erradas, até o próprio Jaques Wagner admitiu isso. Então não vamos achar que lá só tem santo, porque isso nem no Vaticano”, disse.
Mas, para Mário Kertész, o grande feito do partido foi afrontar a elite que manda no país, uma elite que, inclusive, “nunca ganhou tanto dinheiro e prosperou como nos dois primeiros governos de Lula, porque ele sabia que não poderia chegar e fazer uma revolução”. “Lula teve a habilidade de introduzir mudanças importantes para melhorar a distribuição de rede do país, mas não teve força suficiente para fazer as reformas fundamentais, reformas administrativas, reforma política, mudar o regime no sentido de a nossa democracia ser mais representativa, porque hoje ela é muito pouco representativa. Um deputado federal que está no Congresso só não se reelege se for um estúpido. Porque ele tem fundo eleitoral, tem não sei quantos assessores, vantagens de todo tipo”, apontou.
Dilma Rousseff, no entanto, não teve a mesma habilidade e acabou, apontou MK, abrindo espaço para que a elite colocasse Michel Temer em seu lugar. Logo depois, vem a Lava-Jato, que torna Sérgio Moro uma estrela internacional e sacia a grande imprensa e a própria elite. Então surge Jair Messias Bolsonaro, que passa a ser um candidato viável, já que Geraldo Alckmin, um candidato sério e bem comportado dessa elite, não conseguiu empolgar o eleitorado. “Mas quando começa o governo Bolsonaro, a própria elite descobre que ele era uma pessoa completamente descompensada, que ele não sabia lé com cré. E ele foi armando um sistema, trazendo militares para o governo cada vez mais, para se perpetuar no poder”, lembrou MK.
Confira o editorial:
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