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Mais de 75 mil pessoas passaram pelo novo BRT em Salvador; Jornal da Metropole fez percurso

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Mais de 75 mil pessoas passaram pelo novo BRT em Salvador; Jornal da Metropole fez percurso

Inaugurado após protestos de ambientalistas e urbanistas, modal deve custar R$ 487 milhões à prefeitura

Mais de 75 mil pessoas passaram pelo novo BRT em Salvador; Jornal da Metropole fez percurso

Foto: Dimitri Argolo

Por: Geovana Oliveira no dia 20 de outubro de 2022 às 16:03

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 20 de outubro de 2022

Na passarela que liga a Rodoviária ao Shopping da Bahia, em Salvador, algumas placas orientam para o metrô ou para o terminal de ônibus. Motoristas gritam “condução para Feira de Santana”, e cada pessoa segue seu caminho. Quase por acaso, em um ponto, uma pessoa em colete azul e verde segura uma placa: BRT - Posso ajudar?

A estação Rodoviária do novo BRT de Salvador, inaugurada para testes no último dia 30, parece um mundo à parte dentro dos modais conectados pela passarela. A catraca livre — limitada até o dia 31 deste mês devido aos testes ainda em curso —, o ambiente novo, com funcionários muito dispostos a ajudar, e a pouca lotação surpreendem os passageiros. “Tô me sentindo na Itália”, diz uma usuária ao saltar do ônibus.

O BRT, construído sob protestos de ambientalistas e urbanistas, deve custar um total de R$ 487 milhões à prefeitura. De acordo com o ex-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, seção Bahia, Armando Branco, “as cidades precisam de diversos modais de transporte, mas o custo aqui [em Salvador] foi um grande equívoco. Quanto mais pessoas [o BRT] transportar, o que foi investido valeu a pena. Não acreditamos que no tempo de vida útil ele estará transportando um volume de pessoas que justifique”, diz o arquiteto e urbanista que acompanhou a criação do BRT em Curitiba, na década de 1970. Branco afirma que o BRT é projetado para levar até 35 mil passageiros por hora.

Mais de 75 mil pessoas passaram pelo BRT entre 30 de setembro e a última terça, segundo o secretário municipal de Mobilidade, Fabrizzio Muller. Ele justifica que a operação ainda é assistida e acontece apenas das 8h às 17h, fora dos horários de pico.

O Jornal da Metropole fez o percurso da estação Rodoviária até o Itaigara, e o contrário, passando pelas estações Hiper, Cidadela e Parque da Cidade. A ida não chegou a encher o ônibus com capacidade de 88 passageiros nenhuma vez, nem às 12h, que é horário de pico.

Já a volta, entre Itaigara e Rodoviária, chegou a ter pessoas em pé às 13h e também às 15h, apesar de não chegar a alcançar uma lotação. O percurso de um extremo ao outro levou em média 12 minutos. Entre um ônibus e outro, o tempo máximo de espera foi de 3 minutos.

No caminho, os passageiros elogiaram. É o caso de Franciel Dias, morador do bairro Tancredo Neves. “É a terceira vez que eu uso e eu fiz o cálculo: ganho em torno de 30 a 40 minutos de vantagem porque mudei minha rota, passei a usar BRT [...] e estou testando, estou gostando”, afirma.

Neste período de testes, outro efeito observado acerca do meio de transporte: o congestionamento nas vias laterais ao BRT, por onde os ônibus tradicionais ainda circulam, enquanto a via elevada, por onde passa o novo modal e carros que pegam a via expressa, apresenta um bom fluxo.

E para o futuro, há ainda outra preocupação. “Um dos grandes problemas para o futuro é que aqueles viadutos não foram projetados para pegar um tipo de metrô para o futuro, ou um VLT que antecede o metrô. O viaduto não foi projetado para receber trilhos. Daqui a 30 anos, você pode estar com o BRT saturado, porque não foi projetado pensando no metrô.”, diz Armando Branco.

O secretário Fabrizzio Muller afirma que o BRT completo, incluindo a linha até a Lapa, deve ser concluído no segundo semestre de 2023. A expectativa é que ele sirva a cerca de 350 a 370 mil passageiros. Após ficar pronto, haverá alterações em linhas de ônibus que atendam a essa região.