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Um risco no meio do caminho: motociclistas combinam rachas em avenida movimentada de Salvador
Sem placa e com documentação irregular, motoristas se organizam pelas redes sociais para praticar manobras arriscadas e colocar em risco a vida das pessoas
Foto: Leitor Metro1
Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 04 de novembro de 2022
Palco de um intenso vai e vem de motoristas e pedestres de Salvador, a Avenida Antonio Carlos Magalhães, umas das mais importantes da capital baiana, se tornou também cenário de manobras, no mínimo, arriscadas. Grupos de motociclistas passaram a combinar dia e horário para se reunir em um trecho movimentado da via e disputar rachas.
A “brincadeira” inclui apostar corridas, andar na contramão em alta velocidade, empinar a motocicleta e mais uma infinidade de manobras irregulares. Tudo isso em meio a motoristas que seguem seus caminhos e são surpreendidos com o risco imposto pelo grupo.
Nos últimos dias, imagens registradas por uma moradora da região mostraram cerca de 50 motociclistas reunidos na avenida, em frente a uma famosa rede de fast-food. Na ocasião, equipes das 35ª e 26ª Companhias Independentes da Polícia Militar, junto com a Transalvador, interromperam o “encontro” e conseguiram alcançar 10 motociclistas, que tiveram seus veículos apreendidos. Os outros conseguiram fugir.
Nas redes sociais, moradores e comerciantes da região deixam claro que o episódio não foi pontual. Eles são unânimes: os rachas passaram a fazer parte da rotina da avenida, toda quinta-feira, a partir das 22h, com o mesmo grupo. “Não sei qual é o espanto. Essa irresponsabilidade acontece todas às quintas. Só não vê quem não quer”, escreveu um internauta.
De acordo com o subcomandante da 35ª CIPM, capitão Leonardo Sampaio, a Polícia Militar já tinha conhecimento desse grupo. As informações dão conta de que eles se organizam através das redes sociais e, no local, se misturam aos motoboys do restaurante para fazer a arruaça.
A maioria das motos apreendidas no episódio estava com documentação irregular ou sem placa para evitar a identificação. Mas essa é só uma parte das irregularidades, porque, além de colocar em risco sua vida e a vida do próximo, quem disputa racha em vias públicas está cometendo uma série de infrações no trânsito.
Advogado especialista em Direito de Trânsito, Danilo Oliveira explica que racha é uma infração considerada gravíssima, que acarretará uma multa de cerca de R$ 3 mil, a suspensão do direito de dirigir e ainda a apreensão do veículo. “Além dessas medidas administrativas, os participantes estão cometendo um crime de trânsito. O Código de Trânsito Brasileiro prevê para quem participa a detenção que pode variar de seis meses a três anos”, esclarece.
Procurada pelo Jornal da Metropole, a Transalvador confirmou ter conhecimento sobre o caso, mas informou que as estratégias adotadas são sigilosas. De acordo com a Polícia Militar, as ações em conjunto com o órgão de trânsito já resultaram, só neste anos, em 157 veículos irregulares removidos, cerca de 270 pessoas abordadas e 168 autuações.
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