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Conexão Catar x Bahia: Cidades de baianos convocados para Copa vivem clima de ansiedade

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Conexão Catar x Bahia: Cidades de baianos convocados para Copa vivem clima de ansiedade

Comemoração vai ficar a cargo dos moradores; em Juazeiro, moradores já decoraram casas e restaurantes já se uniram para instalar telões

Conexão Catar x Bahia: Cidades de baianos convocados para Copa vivem clima de ansiedade

Foto: Divulgação/CBF/Lucas Figueiredo

Por: Mariana Bamberg no dia 24 de novembro de 2022 às 09:01

Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 24 de novembro de 2022

Nas cidades baianas de Juazeiro e Itapitanga, o primeiro gol brasileiro da Copa do Mundo do Catar já foi comemorado. Pelo menos, essa foi a sensação no último dia 7 de novembro. A explosão de alegria orgulho, que toma conta de uma legião quando a bola balança a rede do adversário, tomou conta dos dois municípios no dia em que o juazeirense Daniel Alves e o itapitanguense Bremer foram convocados para a seleção brasileira. 

Coladas no nome dos seus filhos famosos, as cidades foram parar nas telas de TV e em capas de jornais, mas nem a fama repentina foi suficiente para que os moradores tivessem nas cidades atrações ou iniciativas específicas para os dias dos jogos do Brasil. A prefeitura de Juazeiro, por exemplo, determinou apenas que comércio, escolas e órgãos municipais fossem fechados 1h antes das partidas. 

Na cidade onde o veterano lateral Daniel Alves nasceu, as comemorações devem ficar mesmo a cargo dos moradores e comerciantes. Casas e estabelecimentos já estão decorados e restaurantes que ficam na orla do Rio São Francisco estão se reunindo para instalar telões e atrair torcedores ávidos pelo clima de Copa. Conterrânea de Daniel Alves, a dentista Camilla Brasileiro não tem dúvida que a cidade transborda ansiedade pela estreia da seleção. 

“Com certeza o fato de ter um jogador juazeirense deixa a população ainda mais empolgada, todo mundo se sente mais representado e abraçado, principalmente depois desses anos de pandemia. Mas acredito que já houve mais animação, a repercussão nacional, as críticas sobre a convocação dele podem ter desanimado um pouco”, disse.

Aos 39 anos, Daniel vai representar o Brasil pela terceira vez em uma Copa. Mas, apesar da experiência, ele foi a figurinha mais questionada no álbum montado por Tite. Não só pela idade - o atleta se tornará o jogador mais velho a defender a seleção canarinho em um Mundial -, mas também pelo desempenho abaixo do esperado que vinha tendo no Pumas, time que defende no México. 

Se a essa altura Dani Alves já passou pelos gramados mais conhecidos do mundo, sua infância começou nos campos de terra de Salitre, comunidade localizada a 30 km de Juazeiro. Filho de agricultor, ele acordava às 5 da manhã para ajudar o pai na colheita. Com 15 anos, foi levado para o time juvenil do Juazeiro. De lá, passou pelo Bahia, Sevilla e pelo Barcelona, da Espanha. Foi considerado um dos melhores laterais da história do futebol e a fama lhe rendeu até uma estátua em sua cidade. 

A quase 800 km de distância de Juazeiro, em Itapitanga, cidade do sul baiano, a sensação também é de orgulho e ansiedade. Lá, nasceu o zagueiro Bremer, que estreia em uma Copa do Mundo após apenas duas convocações para a seleção. Ele começou a carreira em 2014 nas categorias de base do Desportiva Brasil, do interior paulista. Depois passou pelo São Paulo e pelo Atlético Mineiro, até ser negociado para o futebol italiano.

Para a estudante Cristina de Jesus, a sensação é de que sua cidade saiu do interior da Bahia e foi levada junto com o atleta para o Catar. Ela confessa que não é tão atenta ao futebol, mas garante que, depois da convocação do conterrâneo, a animação com os jogos está muito maior. “Nas redes sociais e nos grupos de itapitanguenses, só falamos sobre ele e sobre a Copa. A sensação é de representatividade”, diz.

A felicidade se mistura também com a apreensão para quem conhece Bremer. Amigo de colégio e de escolinha de futebol, Breno Oliveira garante que a Copa de 2022 tem gerado sensações nunca sentidas pela cidade. Parte da felicidade já foi extravasada durante uma carreata organizada após a surpresa da convocação do conterrâneo. 

Agora, a expectativa, tanto de juazeirenses como de itapitanguenses, é pelo grito de gol - que, de preferência, pode ser marcado pelos conterrâneos.