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Leandro Demori, Cláudio Rabelo, Jessé Souza e Lídice da Mata são os entrevistados da Metropole na semana

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"Rui não iria nem se coçar se Wagner fosse candidato a governador em 2022”, diz Fátima Mendonça
Ex-primeira-dama da Bahia foi entrevistada no MetroPod
Foto: Reprodução
Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 23 de março de 2023
Dezesseis anos depois de conceder uma bombástica entrevista à Revista Metropole, a agora ex-primeira-dama Fátima Mendonça retornou ao grupo jornalístico e, desta vez, nos microfones do podcast político MetroPod causou um rebuliço ao falar das polêmicas nas eleições de 2022. A esposa do senador Jaques Wagner (PT) falou ainda de momentos marcantes da vida.
Confira agora os principais trechos do bate-papo e a íntegra está disponível no Youtube da Metropole.
Quando a senhora deu essa entrevista na revista Metropole em 2007 deu um rebuliço, lembra?
A turma do PT foi apertar Jaques Wagner por causa de suas declarações. Essa entrevista foi tudo. Porque a Bahia (já soube) quem era Fátima. Foi muito bom. Isso aí sou eu.
Agora, estamos aqui 16 anos depois. A senhora imaginou alguma vez que seria, por oito anos, a mulher mais importante e influente do estado?
Não. Nunca. A ficha não caiu nunca que eu estava ali e era primeira-dama, mulher de governador. Eu saia para show, eu fazia tudo que queria. Ele (Jaques Wagner) também era muito legal nesse ponto. Respeitador de tudo.
A senhora acreditava na vitória no primeiro turno de Jaques Wagner em 2006?
Não. Nem queria muito (risos). Eu falava: “ai meu Deus, o que vai ser da minha vida”. Mas eu levei direitinho.
Essa resistência que a senhora tinha em 2006 aconteceu também na eleição de 2022, quando teve a conversa de Jaques Wagner ser novamente candidato a governador da Bahia?
Eu dizia a ele (que era contra a candidatura). Ele falava que “estou aqui, vou ter que manter esse nome (como candidato) por conta de um grupo”, que eu dizia que não existia. E não existiu. O grupo se foi. Ele ficava ali segurando o grupo. Esse sacrifício todo foi para não desunir o grupo, como aconteceu. Agora, eu dizia para ele: “você não merece isso, tem tanta gente mais jovem, mais nova”. Eu não entendo como seria (a chapa). Rui ia ser o quê? (Os aliados) ficavam fazendo as coisas, arrumando os desenhinhos e não comunicavam a ele (Wagner). Ele não é bobo nem nada.
Wagner sempre bateu na tecla da renovação. Mas Rui Costa queria ser candidato a senador e passar o governo para João Leão. Otto seria o candidato a governador.
Todo mundo achava que ele (Otto) queria (ser candidato a governador). Eu achava.
Foi na entrevista à Rádio Metropole que Wagner anunciou que Rui Costa ficaria até o final do governo e Otto seria candidato à reeleição.
Ele saiu decidido. (E dizia) “tão me fazendo de idiota”. Ele saía para conversar na casa de João Leão e de Roberto Muniz, de manhã cedo, não sei como aguentava. Quando chegava lá nada era resolvido. Depois vem Rui dizendo que vai ser senador, João Leão e a esposa já estavam de malas prontas (para morar no Palácio Ondina) quando ele (Wagner) falou aquilo (na Metropole).
A entrevista dele na Rádio Metropole foi realmente uma bomba dentro do grupo, porque havia conversas paralelas quando Wagner decidiu.
Queriam ele (Wagner como candidato) para ser leve. Quem é que não quer? Rui não iria nem se coçar, não ia nem coçar o nariz. Não ia fazer nada. Ia deixar na mão dele. Ele (Wagner) iria ter que fazer tudo, procurar condição, arrumar marqueteiro, quem fizesse campanha. Rui como candidato a senador estaria charlando. João no governo. Se botasse João Leão para governador em Ondina, já era, ele já estava junto de (ACM Neto)
João Leão ia romper com o grupo petista?
Já estava rompido. Tenho certeza. E Jerônimo já era o nosso candidato desde 2018. Jaques dizia: “vamos investir nesse cara, gente”. Na campanha de Rui em 2014, ele coordenou tudo. Jaques (dizia) “rapaz, bota esse homem na Casa Civil para fazer essa criatura, porque ele é bom de trabalho e astral”.
E por que Rui não preparou Jerônimo para ser o candidato a governador?
Quem sabe. Pergunta a ele lá na Casa Civil.
Todas as pesquisas davam vitória de ACM Neto no primeiro turno. Neto errou na campanha?
Acho que Neto errou muito. Essa campanha dele toda. Acho que ele ficou muito ansioso com essa história de Lula vir. Aquele negócio do pardo foi horrível, gente. Quando eu vi aquilo, (eu pensei): “quem é que cuida da campanha dessa criatura para permitir uma coisa dessa?” Eu não entendi nada
Foi Wagner quem decidiu que Rui seria o sucessor dele. Na época, José Sérgio Gabrielli também queria ser candidato a governador da Bahia.
Amo José Sergio Gabrielli. Mas graças a Deus que ele não foi candidato na época, porque teve aquela coisa da Petrobras. Ia dar problema, embora não tivesse nada (contra ele).
Lula chama Rui Costa de “Dilma de calças”. Isso significa estar lançando ele como candidato a presidente?
Não. Acho que não existe isso. Dilma de calças foi Jaques que disse ao presidente. (Wagner disse) “Rui é a cara da Casa Civil”.
Foi uma indicação de Wagner Rui na Casa Civil?
Ele só deu o aval dele.
A expressão “Dilma de calças” foi criada por Wagner?
Foi.
Em 2018, Jaques Wagner foi alvo de uma operação da PF.
Foi. Lá em casa.
Isso traumatizou?
Lógico. É horrível. Eu fiz uma limpeza depois lá. Foi uma loucura. Levaram tudo meu, laptop, celular. Mas passou. A gente já comprovou. Já foi tudo arquivado.
Lula também foi alvo da Lava Jato e acabou preso.
Wagner falou para ele (Lula): “presidente, não quer sair do Brasil?” Falou logo no início.
Wagner queria que Lula se exilasse?
Nas primeiras conversas, ele falou: “não quer ir para uma embaixada?” Qualquer embaixada do mundo aceitaria ele.
Por que a senhora nunca quis entrar na política?
Não tenho vontade de ter mandato. Não é minha cara. Eu não ia aguentar.
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