Jornal Metropole
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O Jornal Metropole desta semana foi às ruas de Salvador ouvir o que a população espera dos projetos para a capital
Foto: Metropress/Tácio Moreira
Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 9 de novembro de 2023
Onze meses para as eleições municipais de 2024 e há muito já se fala sobre elas em Salvador. Até aqui, inúmeros cenários e possibilidades já foram discutidas, rediscutidas, criticadas, dadas como certas ou apenas especulações. Vários personagens já ventilaram para a imprensa o vazio discurso do “coloco o meu nome à disposição para a disputa”. A impressão é que já se tem muito para um pleito que vai acontecer apenas em 11 meses. Mas a verdade é que, assim como nas frases dos postulantes a candidatos, há apenas um imenso vazio, porque as discussões param por aqui: nesse ciclo de nomes, de lados e articulações meramente políticas.
Em uma cidade com um imenso potencial histórico e cultural a ser aproveitado, com a maior taxa de desemprego entre as capitais e com um transporte público que já figurou no ranking de piores do mundo, as discussões são apenas sobre nomes e não sobre projetos. Seguimos enfrentando um leque de desafios que já davam as caras no século 19, mas o debate sobre qual Salvador queremos para os próximos anos parece não ter importância.
Entre as várias notícias com os nomes especulados, é possível encontrar até a quantidade exata de votos que eles conseguem conquistar, mas o mais importante, o projeto de cada um deles para Salvador, permanece escondido. Não se sabe quem defende uma cultura resumida ao entretenimento, quem pensa em entregar de vez a cidade para o mercado imobiliário e nem quem acha que obras de praças são o suficiente para o lazer da população. Esse silêncio ou simplesmente a ausência de projetos beira uma espécie de acordo velado que beneficia apenas a elite e a classe política. Por isso, nesta edição, o Jornal Metropole foi às ruas de Salvador ouvir o que a população espera dos projetos para a capital.
Transporte público no topo da lista
"Transporte público que, no mínimo, não seja um caos”, Edgar Paiva, assistente de comunicação.
A reclamação de Edgar Paiva é quase uma unanimidade entre aqueles que usam o transporte de Salvador. As cobranças dos usuários vão desde mudanças nas linhas até a tarifa e a estrutura dos ônibus. E não é para menos, a tarifa soteropolitana é uma das maiores do Nordeste e o percentual de veículos climatizados, um dos menores do país. “Valor acessível e ar-condicionado, em Salvador, deveria ser o mínimo”, pontua Edgar.
O problema não é novo. Há cinco anos, o transporte soteropolitano foi eleito o quinto pior do mundo, segundo um estudo da Expert Market. Desde então, as críticas da população não diminuíram. Pelo contrário: ganharam mais força depois da Covid-19. A gestão municipal, após descaminhos na relação com as empresas de ônibus e equivocados projetos como o Domingo é Meia, alega um desequilíbrio financeiro para manter o sistema. Enquanto isso, nenhum dos postulantes a candidato sequer toca no assunto.
Foto: metropress/Filipe Luiz
Não pode faltar emprego e renda
"Tem que ter emprego e dignidade para as pessoas”, Leilson Correia, aposentado.
Mais um ranking que deveria ser discutido em qualquer projeto para Salvador é citado, desta vez, pelo aposentado Leilson. É o ranking do desemprego. No primeiro trimestre deste ano, a cidade repetiu o posto dos quatro períodos anteriores e foi a capital com maior índice de pessoas desocupadas. No trimestre seguinte, conseguiu cair para segundo lugar, mas com uma variação ainda muito discreta (de 16,7% para 16%). Mesmo com esses números, o assunto ainda é pouco discutido pelos possíveis candidatos e, quando mencionados, Leilson não tem dúvidas: os discursos são mais do mesmo, sem uma análise profunda para mudar a realidade.
Foto: metropress/Leonardo Lima
Cidade e lazer para todos
Cultura e lazer acessíveis para o pobre”, Ana Paula Luz, assistente de telemarketing.
Dez anos sem barracas e sem uma estrutura que permita aproveitar a orla soteropolitana. A ausência desse e de outros projetos para espaços de um lazer acessível na capital é o que mais tem feito falta para Ana Paula. O que ela quer para Salvador são propostas que lhe permitam viver a cidade. “Somos reféns de shoppings e de levar um kit para tentar curtir a praia”, afirma.
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