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Leandro Demori, Cláudio Rabelo, Jessé Souza e Lídice da Mata são os entrevistados da Metropole na semana

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A louca aventura que fez escola: Metropole comemora 24 anos com retrospectiva e programação especial
Acervo vivo da comunicação baiana e sinônimo da inquietude soteropolitana, a Rádio Metropole chegou, na última quarta-feira (3), aos seus 24 anos com uma programação especial transmitida direto do Teatros Sesc Casa do Comércio
Foto: Acervo Metropole
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 4 de abril de 2024
A história começa no que já é possível chamar de um longínquo 3 de abril de 2000. Pode-se dizer que ela surgiu do mais puro gesto de loucura. Afinal, só alguém em surto de insanidade apostaria na ideia de transformar uma FM típica, dominada pela programação musical, em rádio de conteúdo jornalístico, com foco em notícias, informativas e comentadas, prestação de serviços e interação maior com o público. Como se ainda bailasse sobre os muros do sanatório, decidiu chutar o padrão de lado. As vozes impostadas de sempre perderam espaço para o sotaque, a naturalidade e o jeito baiano de falar sobre as coisas daqui e do mundo. Morria a Rádio Cidade, nascia a Metropole. Quem diria que 24 anos depois o maluco era quem estava certo? E mais: que ainda fez escola?
Testemunha do início da aventura liderada pelo radialista Mário Kertész, o MK, âncora da Metropole, a jornalista Norma Rangel lembra com detalhes a origem da metamorfose. “E a Cidade virou Metrópole. Eu lembro que quando a rádio estava para mudar de nome teve o seguinte slogan: ‘Mário não é mais prefeito, mas vai mudar o nome da Cidade’. Isso criou um furdunço... Lógico, ela tinha sido prefeito de Salvador duas vezes, inclusive, foi o primeiro prefeito eleito (da capital)”, recorda Norma, que integrou o elenco feminino de apresentadoras daquela que ficou eternizada como “a radinha”, time do qual fazem parte Camila Cintra, Luana Montargil, Rita Batista, Jéssica Senra, Lis Grassi, Lelia Dourado e Denise Magnavita.
Rendeu frutos a odisseia de uma rádio que se reinventou por completo enquanto ainda vivia no esquema vitrolão - como costuma brincar o locutor Abraão de Brito, voz quase onipresente na programação da Metropole. Voou além das ondas da FM, já ramificadas por 300 cidades do interior baiano, e virou um grupo de comunicação marcado pela pluralidade de veículos, com portal de notícias, jornal impresso e conectividade plena nas mais variadas plataformas e redes sociais que compõem a galáxia digital. Em processo simultâneo, tornou-se a terceira rádio do país a realizar transmissão via internet e passou a investir alto no conteúdo audiovisual.
“Vi toda a transformação. Vi Abraão morrendo de medo por ter que trabalhar pela primeira vez com software, porque a gente aproveitou a mudança do nome para evoluir tecnologicamente. Em vez de cartuchos, como era antigamente, passamos a trabalhar com arquivos digitais, fazer conexões remotas para as entradas de Mário em viagens e todos os demais avanços que foram conquistados, graças à direção, que sempre apoia as ideias loucas”, conta Marcos Meira, coordenador de TI do grupo, em alusão ao plano de revolução tecnológica comandado pelo diretor geral Chico Kertész. A Meira, se juntam nomes como Selma, Simone, Raimundo, Carlos, Antônio, Maurício pai e Maurício Filho e tanto outros que fazem, nos bastidores, a máquina da radinha rodar.
Marca do pioneirismo
Como filho de maluco, maluco é tam - bém, Chico achou por bem pirar mais um pouquinho e decidiu transmitir ao vivo o Carnaval de Salvador deste ano. Colocou a equipe de repórteres, produtores, editores, apresentadores e de mídias sociais do Grupo Metropole junto com a turma da pró - pria produtora, a Macaco Gordo, e encarou o desafio como todo louco que se preze. Deu certo. A ponto de alimentar planos para repetir a dose em 2025. Não é à toa que o pioneirismo virou marca da radinha e gerou programas diferentes de tudo que se vê por aí, a exemplo do Três Pontos, pilotado às sextas-feiras por MK e dois pesos-pesados do jornalismo brasileiro: Bob Fernandes e Janio de Freitas. “Mesmo com sua longa história, o rádio brasileiro nunca teve um programa com tanta liberdade política como esse que fazemos”, afirma Janio.
Já que apareceu a palavra liberdade, ela não se aplica somente à política. Alcança também a esfera da religião. Só a Metropole para romper o paradigma dominante de rádios com conteúdo religioso. Na picardia que lhe é peculiar, deve ter pensado: “Nada disso! Vamos abrir a roda, enlarguecer”! O resultado pode ser visto de segunda à sexta, no programa Sintonia, com o líder espírita José Medrado, e toda quinta-feira no Mojubá, capitaneado pela jornalista Cristiele França, uma autêntica e reconhecida ajoyé no Candomblé de nação ketu.
Na louca trajetória da Metropole, ouvintes se tornaram também personagens conhecidos do mosaico radiofônico que encantou a cidade. Gente como Roberto de Itapuã, Dona Rai, Veruska, Ada Tem de Tudo, Johnny Sousa, Jaci de Itapuã e Richardson. A tradição de dar voz ao povo permanece também com o time atual de apresentadores. Além de Mário, Chico, Cristiele e Medrado, a radinha tem ainda Zé Eduardo, Lara Kertész, Narde - le Gomes, Stephanie Suerdieck, Christina Miranda, Victória Alves e o trio do Revele: o diretor de teatro Fernando Guerreiro, o produtor Valdir Andrade e o publicitário Zeca Forehead. Mas não se engane! Não estamos malucos. Estamos na Metropole, onde você fala, a gente escuta, todo mundo ouve.
Festa de aniversário fora do quadrado
Foto: Metropress
Para celebrar os 24 anos de existência, comemorados na última quarta-feira, a Metropole saiu, literalmente, do quadrado, com a programação transmitida diretamente do Teatro Sesc Casa do Comércio. Durante sete horas, período em que os ouvintes puderam ver de bem perto todos os programas produzidos pela rádio e ouvir o depoimento de figuras importantes para a história do veículo, em tom de amor e carinho que definem suas relações com a radinha.
A festa começou às 8h, com o Jornal da Bahia no Ar, conduzido por Mário Kertész e Nardele Gomes. A bancada recebeu o senador Otto Alencar (PSD), que relembrou o período em que a Metropole iniciou parcerias com emissoras do interior do estado. Atualmente, mais de 300 municípios baianos recebem a transmissão da rádio. Na época, Otto era vice-governador da Bahia.
Ao longo do programa, MK se recordava de pessoas fundamentais para o sucesso da rádio, como Luiz Adolfo Jonas, parceiro de trabalho e amigo há mais de 40 anos, e do inesquecível antropólogo Roberto Albergaria, que morreu julho de 2015 após ter se tornado um dos comentaristas de maior sucesso da Metropole. Do time que ele já fez parte, estão escalados agora nomes de peso como Fernando Vita, Malu Fontes, o polêmico Luiz Felipe Pondé, Biaggio Talento, Jolival Freitas e sua paixão pela Bahia, Walter Queiroz, André Lemos, Francisco Hora, o mestre Edvaldo Brito, Vinicius Jacob, Adilson Paes e Normando Rodrigues. Mas já passaram também Moacyr Scliar, Sebastião Nery, Zuza Homem de Melo e até mesmo Alexandre Garcia.
Na bancada do Teatro Sesc Casa do Comércio, também marcaram presença na bancada Rita Batista e Luana Montargil. As duas relataram histórias de quando entraram na rádio, desde desentendimentos de bastidores até momentos especiais vividos no início da carreira ao lado de Mário Kertész. Por telefone, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) parabenizou o Grupo Metropole e MK pelos 24 anos de forte atuação no estado. Já o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) lembrou do afeto que o liga à emissora. “A Rádio Metropole me deu régua e compasso”, disse, ao relembrar sua trajetória como apresentador do programa Seis em Ponto.
Foto: Acervo Metropole
Comemoração fora de casa e com plateia cheia
Na 2ª edição do Jornal da Bahia no Ar, Zé Eduardo falou da trajetória na rádio e dividiu a bancada com Kamille Martinho. Outro momento especial foi vivido pelos ouvintes do Sintonia, quando José Medrado interagiu com quem estava presente no teatro. Já o Jornal da Cidade recebeu a sexóloga Gilda Fucs, outro nome carimbado nas ondas da Metropole, para responder perguntas de quem acompanhou a programação presencialmente ou pelo YouTube. Para fechar a noite, o cantor e compositor Gerônimo conversou com Dom Chicla, Victória, Cristiele, Chico Kertész.
Um dos craques do quadro de comentaristas do grupo, o jornalista e escritor Fernando Vita definiu a Metropole como “a única rádio autoral em todo o planeta”, destacando a capacidade de revelar novos talentos e conciliar com profissionais experientes. “A Metropole consegue fazer um mix da experiência dos um pouquinho menos novos com os novinhos, e resulta nessa química perfeita, que faz desta rádio, emblematicamente, a rádio do coração dos baianos”, disse Vita, que em dezembro de se aposentou do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
Experiência, técnica e contribuição
Entre tantas loucuras e ousadias nos 24 anos de radinha, talvez a mais audaciosa tenha sido justamente a ideia de compartilhar toda essa experiência e conhecimento com Escola de Comunicação Metropole entre 2016 e 2018. Era uma imersão na prática profissional da rádio, do impresso e do digital. Nomes como o jornalista José Raimundo, a professora Malu Fontes, Fernando Guerreiro, José Eduardo, Nardele Gomes, Rita Batista, Luana Montargil e até os próprios Mário e Chico Kertész dispostos mostrar a prática, discutir e compartilhar sua expertise com estudantes e profissionais recém-formados na área. O resultado disso foi casa cheia no auditório da Metropole e mais uma das contribuições da radinha para o jornalismo baiano.
Ainda na comemoração dos 24 anos, a mais de seis mil quilômetros de distância, o ator e humorista Bemvindo Sequeira também parabenizou a radinha diretamente de Portugal, onde mora atualmente e acompanha a programação diária. O compositor Paulo Costa Lima, que ocupa a cadeira 21 da Academia Brasileira de Música, figura carimbada entre os entrevistados, definiu o veículo como “um lugar onde se constrói visões de mundo e de identidade”.
Quem também não ficou de fora das homenagens foi o reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez, que agradeceu pelo espaço cedido para as questões que envolvem a universidade. “Quero na qualidade de professor da Ufba agradecer a forma sempre generosa e cuidadosa com que a nossa casa tem sido recepcionada na rádio”, declarou.
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