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À frente dos dois Poderes: Presidente do TJ da Bahia, desembargadora Cynthia Resende é a terceira mulher a assumir o governo do estado

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À frente dos dois Poderes: Presidente do TJ da Bahia, desembargadora Cynthia Resende é a terceira mulher a assumir o governo do estado

Cynthia assumiu o Executivo baiano após o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) e o o presidente da Alba, primeiros na sucessão, recusarem por conta das eleições

À frente dos dois Poderes: Presidente do TJ da Bahia, desembargadora Cynthia Resende é a terceira mulher a assumir o governo do estado

Foto: Metropress/Fernanda Vilas Boas

Por: Metro1 no dia 16 de maio de 2024 às 00:15

Atualizado: no dia 16 de maio de 2024 às 09:54

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 15 de maio de 2024

Terceira na linha de sucessão do governo do estado, a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, assumiu interinamente o Executivo baiano no último sábado (11). Ela ocupará o cargo até a próxima terça-feira (21), por conta de uma viagem institucional do governador Jerônimo Rodrigues para a Europa.

Cynthia assumiu o Executivo baiano após o vice-governador Geraldo Jr. (MDB), primeiro na sucessão, recusar por conta de sua pré-candidatura à prefeitura de Salvador. Da mesma forma, o segundo na lista, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Adolfo Menezes (PSD), também não ocupou o cargo para não prejudicar a candidatura da esposa, Denise Menezes (PSD), a prefeita de Campo Formoso, no norte do estado. Segundo a legislação, não podem concorrer a cargo público cônjuge e parentes consanguíneos do chefe (mesmo que interino) do Poder Executivo no mesmo estado.

Assim, a desembargadora se tornou a terceira mulher na história a comandar o governo baiano. A primeira foi a desembargadora Silvia Zarif e depois a desembargadora Telma Britto, ambas também em condição de presidente do TJ-BA. Em entrevista à Metropole, Cynthia contou que tomou posse em uma cerimônia no Centro Administrativo da Bahia (CAB), na presença do governador, e ressaltou a quantidade de mulheres ocupando o comando das pastas estaduais.

“Vejo, com muita alegria, várias mulheres, inclusive na Bahia, em posições de comando. Temos a procuradora- -geral do estado [Bárbara Camardelli Loi]. Temos a defensora-geral pública [Firmiane Venâncio]. Há pouco tempo, tínhamos a procuradora-geral de Justiça, a doutora Norma Cavalcanti. Muitas mulheres estão chegando com muita garra, com muita luta, precisando mostrar o valor. Muitas vezes os homens nem precisam mostrar o valor só por serem homens, eles estão numa posição de comando”, afirmou.

Cynthia pontuou ainda que no Judiciário a luta das mulheres para ocupar espaço também é antiga, apesar de hoje ocuparem cerca de 40% do Tribunal de Justiça da Bahia. Ainda assim, ela é apenas a quarta mulher presidente nos 415 anos do TJ-BA.

“É uma luta que vem sendo perseguida. A primeira juíza, que foi a desembargadora Mary Silva, no nosso Tribunal, ela ingressou na década de 1950, se não me engano. Não tem nem tanto tempo passando [...] Hoje nós temos um certo equilíbrio, sinto que já há uma mudança no olhar que os desembargadores têm para as mulheres no Tribunal. Mas não só nesse campo jurídico, como em todos os campos, ainda existe muita discriminação contra a mulher”, avaliou.

Outros desafios no Judiciário

Além da representatividade feminina, o Judiciário da Bahia enfrenta outro desafio, em especial no primeiro grau: a deficiência no quadro de profissionais, o que, segundo a presidente do TJ, tem refletido no congestionamento de processos. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, a taxa de congestionamento, ou seja, de processos pendentes de solução, é de 67% no Judiciário baiano.

A presidente aposta em investimento em tecnologia, aparelhamento e a nomeação de servidores para enfrentar o desafio. De acordo com ela, já há um trabalho junto ao financeiro do Tribunal para nomear novos juízes. Recentemente, 204 servidores já foram nomeados.

A conciliação, modelo mais rápido, barato e pacífico na busca de soluções, poderia ser outro fator para ajudar a diminuir o congestionamento. Apesar disso e do incentivo nos tribunais, a desembargadora explica que a população ainda é “muito litigiosa” e não reconhece a conciliação como uma alternativa viável. Mas, “com a evolução da mentalidade das pessoas e investimento do próprio Poder Judiciário, podemos caminhar para soluções que não sejam apenas as judiciais”