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Um deslize ou intencional? Confira linhas de investigação sobre mortes causadas por metanol
Mais de 250 notificações já foram registradas; autoridades investigam se houve falha na destilação ou adulteração intencional
Foto: Reprodução/Freepik
Essa matéria é parte da reportagem especial publicada originalmente no Jornal Metropole em 9 de outubro de 2025
Desde que o metanol voltou às manchetes por matar cinco pessoas que consumiram bebida alcoólica contaminada em São Paulo nas últimas semana, já são mais de 259 notificações de intoxicação : 24 delas já confirmadas e as outras 235 com investigação em andamento. Polícia Civil e Polícia Federal investigam o caso e as linhas de investigação vão de envolvimento do crime organizado à falha na produção. Confira as possibilidades levantadas:
A Polícia Civil de São Paulo, onde foram registradas as cinco mortes por intoxicação de metanol, trabalha com duas linhas de investigação:
1. Uma das suspeitas é que o metanol teria sido usado em fábricas clandestinas para a higienização de garrafas que foram reaproveitadas na venda de bebidas falsificadas.
2. Há também a hipótese de que o metanol (ou etanol batizado com metanol) foi utilizado para baratear e aumentar o volume de produção de bebidas falsificadas. Uma outra possibilidade é o falsificador ter utilizado o etanol batizado sem saber que ele estava contaminado com metanol.
A Polícia Federal, que também investiga o caso, não descarta nenhuma das hipóteses e ainda suspeita da seguinte:
3. Os casos de intoxicação podem ter surgido na esteira de uma mega operação que mirou o envolvimento do crime organizado no setor de combustível. Após a operação, diversos tanques de metanol, que é usado para adulterar combustível, foram encontrados abandonados. A suspeita é que, para dar vazão a esse produto, os grupos envolvidos tenham repassado para fábricas clandestinas de bebidas alcoólicas.
Estudiosos da área, como a doutora em Química Analítica Débora Santana, que desenvolveu sua tese sobre cachaças baianas, também levanta outra hipótese:
4. A contaminação com metanol pode estar relacionada a falhas na produção em fábricas clandestinas, sem o rigor técnico necessário. Isso porque ele é um dos subprodutos no processo de destilação. São geradas três frações distintas, a primeira delas contém metanol, acetona, aldeídos e éteres, e deve ser descartada. Quando o corte não é realizado corretamente, essas toxinas acabam presentes no produto final.
O massacre baiano: a intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas não é algo novo. Nos anos 1990, mais de 60 pessoas morreram na Bahia após ingerir bebida contaminada, os casos não tiveram tanta repercussão até chegarem, neste ano, a bairros de elite em São Paulo. Veja aqui
Um deslize ou intencional?
O Metanol é um álcool utilizado na indústria como um solvente ou na produção de biodiesel e alguns tipos de plástico. Ele é mais barato que o etanol, álcool das bebidas. Mas, no geral, os falsificadores misturam água com etanol - e não o metanol. Quando ele está presente geralmente é por alguma falha na produção ou envasamento. Até porque matar o cliente por intoxicação não é uma boa estratégia mercadológica para quem quer reduzir custos e aumentar o lucro. Por isso, a linha de investigação envolvendo o crime organizado e a intenção de dar vazão ao produto tem desidratado, foi inclusive descartada pelo governo de São Paulo.
Mas o presidente do Conselho Regional de Química da Bahia, Antônio César, ainda é muito cedo para determinar se os casos recentes ocorreram por erro ou adulteração intencional. “A probabilidade de ser proposital é grande, mas é algo que só as investigações da Polícia Federal e das autoridades sanitárias poderão confirmar”, afirmou.
Fiscalização depois do gole: Após cinco vítimas em São Paulo, operações foram deflagradas em todo o país — inclusive na Bahia, onde uma fábrica foi fechada e 600 garrafas apreendidas. Mas o cerco chegou tarde. Veja aqui
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