Bolsonaro leva roteiro com vídeos ao STF para defesa no caso do golpe; material menciona Dino, Rodrigo Maia e Ciro Nogueira

O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com anotações manuscritas que pretende utilizar como guia para seu interrogatório na ação penal em que responde por tentativa de golpe de Estado. O conteúdo, flagrado nas mãos do advogado Celso Vilardi, inclui uma lista intitulada "Sequência de Vídeos", com trechos que Bolsonaro pretende exibir durante o depoimento, como declarações antigas de autoridades que questionaram o sistema eletrônico de votação. A defesa pediu autorização formal ao ministro Alexandre de Moraes para apresentar o material.

Entre os vídeos listados, há falas do atual ministro do STF, Flávio Dino, criticando o sistema eleitoral entre 2009 e 2013, quando era governador do Maranhão. Também aparecem menções ao ex-deputado Rodrigo Maia e frases como "eles vão é sentir saudades da gente né" e "Bolsonaro para Ciro Nogueira", ditas após a derrota nas urnas, em 1º de novembro de 2022. A defesa ainda incluiu pronunciamentos públicos e imagens relacionadas à transição de governo e manifestações de apoiadores.

Outro papel, também flagrado por fotógrafos, traz datas específicas de novembro de 2022 e o nome de Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Em documento separado, menciona os integrantes do Conselho da República, como Carlos Zarattini e Paulo Paim, ambos do PT, enfatizando seus papéis como líderes da minoria no Congresso à época. O Conselho é um órgão de consulta do presidente sobre temas como intervenção federal e estado de sítio.

Durante a sessão, o advogado de Bolsonaro levou ainda uma cópia da Constituição, destacada na parte que descreve a composição e funções do Conselho da República e do Conselho de Segurança Nacional. Ao chegar ao STF, Bolsonaro afirmou: “Se eu puder ficar à vontade, se preparem, vão ser horas” e acrescentou: “Eu não estou inventando nada”, referindo-se aos vídeos que pretende exibir se tiver autorização de Moraes.