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Veja os principais trechos do depoimento de Bolsonaro ao STF

O ex-presidente prestou depoimento nesta terça-feira (10)

Veja os principais trechos do depoimento de Bolsonaro ao STF

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 11 de junho de 2025 às 10:48

O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. No depoimento conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro negou envolvimento em qualquer conspiração contra a ordem democrática, minimizou a relevância das reuniões realizadas com militares e admitiu que, em alguns momentos, pode ter ultrapassado os limites em sua retórica.

Negativa de Plano para Golpe e Ameaças de Prisão

Bolsonaro negou que tenha havido qualquer plano para um golpe de Estado. Afirmou que, em “nenhum momento”, alguém o ameaçou de prisão e que as Forças Armadas não aceitariam cumprir ordens ilegais.

“As Forças Armadas têm missão legal. Missão ilegal não é cumprida. Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão.”

Reuniões com Militares

O ex-presidente admitiu que houve reuniões com militares para discutir possíveis saídas dentro da legalidade, após a rejeição de uma petição do PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que questionava a segurança das urnas.

“As conversas eram bastante informais. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião.”

"Não tinha clima" para golpe

Bolsonaro alegou que não havia qualquer viabilidade para um golpe de Estado, destacando que o ambiente político era de desmobilização.

“Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa.”

Críticas ao voto eletrônico

O ex-presidente voltou a criticar o sistema eletrônico de votação brasileiro, defendendo modelos adotados em países como Venezuela e Paraguai. Ele classificou o sistema nacional como “inauditável”.

“No Paraguai, no meu entender, é o ideal. Como passou a existir nas últimas eleições até na Venezuela. Nós não podemos esperar que aconteça isso no Brasil para tomar uma providência.”

Desculpas a Alexandre de Moraes

Ao ser questionado sobre insinuações feitas anteriormente de que ministros teriam recebido propina durante as eleições, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, dizendo que suas declarações foram um desabafo sem provas.

“Não tem indícios nenhum, senhor ministro. Me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três.

Minuta do Golpe: negativa de envolvimento

Bolsonaro afirmou que não teve qualquer responsabilidade sobre a chamada "minuta do golpe", documento encontrado com o ex-ministro Anderson Torres que previa uma intervenção no TSE e sua permanência no poder.

Segundo ele, o conteúdo foi apresentado de forma superficial e sem discussão aprofundada:

“Foi colocado numa tela na televisão e mostrado de forma rápida ali.”

“Tinha os 'considerandos' ali apenas. Não tinha cabeçalho, nem o 'fecho'. Só isso.”

O ex-presidente negou envolvimento direto na elaboração do documento:

“Não escrevi, não alterei, não digitei nada. Não tenho responsabilidade sobre essa minuta.”

E garantiu que a proposta foi imediatamente descartada:

“Não se discutiu nada além disso. Foi abandonada qualquer possibilidade de ação constitucional.”

A versão de Bolsonaro contradiz a de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, que declarou ao STF que Bolsonaro não apenas teve acesso à minuta, como também sugeriu alterações, inclusive removendo nomes de autoridades da lista de prisão, deixando apenas o de Alexandre de Moraes.

Manifestações e atos antidemocráticos

Bolsonaro afirmou que não estimulou manifestações ilegais e chamou de “malucos” aqueles que pediam um novo AI-5 ou uma intervenção militar.

"Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas... que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali."

Viagem aos EUA

Durante o depoimento, Bolsonaro disse que, antes de viajar para os Estados Unidos, gravou uma live pedindo paz e reafirmou que não teve participação nos atos de 8 de janeiro. Também mencionou ter publicado um vídeo pedindo a desobstrução de rodovias.

"Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto."

Conduta durante os protestos

Quando questionado sobre sua ausência na desmobilização de acampamentos em frente a quartéis, Bolsonaro respondeu que intervir diretamente poderia ser ainda mais perigoso.

"Alguns poucos falavam até em AI-5. Quantas vezes eu orientava o pessoal que chegava, em movimentos nossos pelo Brasil, eu chegava para quem estava com a placa do AI-5. Questionava: 'O que é AI-5?'. Eles nem sabiam o que era isso. Intervenção militar, isso não existe. É pedir pro senhor praticar o suicídio, isso não existe. Deixa o pessoal desabafar."