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#MetaAColher: Violência contra a mulher tem determinantes históricos e subjetivos, diz psicanalista

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#MetaAColher: Violência contra a mulher tem determinantes históricos e subjetivos, diz psicanalista

Segundo Daniela Sanches, foi construída uma posição de passividade, que virou um código cultural

#MetaAColher: Violência contra a mulher tem determinantes históricos e subjetivos, diz psicanalista

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 10 de junho de 2022 às 13:09

A psicanalista Daniele Sanches, pesquisadora do instituto Vox Populi, explicou nesta sexta-feira (10) a naturalização da violência contra a mulher, a partir de determinantes históricos e subjetivos.

"Historicamente a gente tem a posição da mulher herdando muitos códigos de paralisia. Um desses códigos vem desde os tempos bíblicos, uma certa santificação da mulher, e tem também uma contribuição muito grande de uma espécie de amor que envolve a mulher, que ela é endeusada na Idade Média", diz em entrevista à Mário Kertész, na Rádio Metropole.  

Segundo a psicanalista, a partir daí é construída uma posição de passividade, que vira um código cultural. "Ideia das mulheres ocupando poucas posições de poder, talvez seja um dos efeitos desse mito de que ela precisa ter uma dedicação integral aos filhos, caso contrário algo trágico acontece com eles, esses mitos foram tirando as mulheres da vida pública", afirma.

Além dos determinantes historicos, a psicanalista fala sobre determinantes subjetivos que explicam a submissão.
 
"Quando o bebê nasce, ele nasce submetido a outro. O papel de criar esse ser humano envolve tirar ele da submissão para conquistar a autonomia. Mas, de qualquer maneira, sendo essa submissão válida para todos, tem uma condição que acaba diferenciando a feminina e a masculina. Do mesmo jeito que somos submetidos aos tratos que vamos receber, temos uma carga de agressividade pra lidar contra aquilo que é colocado em cima da gente. O caso é que essa agressividade, historicamente, inclusive maneiras de afastar o outro mais violentas, elas são incentivadas e louvadas como algo natural do homem", explica Daniele. 

"Desde os tempos mais remotos até hoje, a agressividade é vista como algo natural do homem. E quando ela é vista nas mulheres, ela é interpretada como loucura. As mulheres foram sempre muito incentivadas a engolir a própria agressividade. Quantas mulheres seguem num casamento violento com o discurso único de 'Vai ser melhor para os meus filhos'?". 

De acordo com a psicanalista, é necessário criticar discursos que enaltecem o ideal de força da mulher como sendo a resistência. "Um ideal de que a mulher que tem um bom caráter é aquela que suporta, aquela que aguenta...", afirma. 

Campanha - O Grupo Metropole está engajado em denunciar e cobrar respostas sobre casos de feminicídio e violência contra a mulher. Além disso, vamos receber denúncias pelo número (71) 3505-5000, tanto por ligação como por Whatsapp. Por fim, nas redes sociais (@grupo.metropole no Instagram e @metropole no Twitter), criamos o movimento #MetaAColher. É preciso dar um basta nos casos de violência contra a mulher, e estamos engajados nesta causa.