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Entrevista de Wagner a MK vai muito além de confirmar chapa da 'santíssima trindade' do PT da Bahia

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Por Jairo Costa Júnior

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Entrevista de Wagner a MK vai muito além de confirmar chapa da 'santíssima trindade' do PT da Bahia

Tom de veredito relembra fala do senador petista à Metropole que, em março de 2022, provocou reviravolta na política baiana; novas declarações têm como pano de fundo o duelo interno no PT e mensagens subliminares sobre Coronel e o MDB

Entrevista de Wagner a MK vai muito além de confirmar chapa da 'santíssima trindade' do PT da Bahia

Foto: Reprodução

Por: Jairo Costa Jr. no dia 26 de maio de 2025 às 17:55

Em meio ao fogo amigo ou adversário que ronda a montagem da chapa majoritária da base aliada ao Palácio de Ondina, o senador Jaques Wagner concedeu na manhã desta segunda-feira (26) uma entrevista exclusiva ao apresentador Mário Kertész, da Rádio Metrópole, na qual confirma pela primeira vez publicamente a formação da "santíssima trindade" do PT da Bahia para a sucessão estadual de 2026. Indagado sobre recentes especulações de que ele abriria mão de tentar o segundo mandato no Senado a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em suposta articulação para atrair o apoio do PSD na disputa presidencial, Wagner foi categórico. Em síntese, disparou, não só ele é candidatíssimo, como o PT ocupará outras duas das três vagas restantes na chave: a do Senado, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a do governo, com Jerônimo Rodrigues concorrendo à reeleição. No entanto, se lidas nas entrelinhas, as declarações vão além de bater o carimbo nos passaportes do trio petista para a próxima corrida eleitoral.

Tiro ao alvo
A primeira mensagem subliminar de Jaques Wagner tem relação direta com informações divulgadas na imprensa de que o plano de Rui Costa para o ano que vem seria ocupar a vaga de Jerônimo na cabeça de chapa, classificadas como fofocas de Brasília pelo atual líder do Palácio do Planalto no Senado. Ao entrar ao vivo por telefone no trecho final da entrevista, o próprio chefe da Casa Civil afasta qualquer pretensão de brigar novamente pelo cargo que ocupou de 2015 a 2022, diz que Jerônimo é candidato à reeleição e garante que vai entrar no páreo de senador. 

Razão de ser
Embora deem caráter de fake ao noticiário sobre as pretensões do ministro, o interesse de Rui em um terceiro mandato de governador é assunto corrente entre aliados que gravitam sua órbita mais próxima, assim como são também os relatos de esgarçamento nas relações entre os dois nos últimos três anos. Logo, ao confirmar a candidatura da "santíssima trindade" - ou como brincou Mário Kertész, "Pai, Filho e Espírito Santo", em óbvia referência a criador e criaturas -, o recado de Wagner foi claro: qualquer decisão sobre a chapa majoritária passa por ele, e ponto final.

Em algum lugar do passado
O tom de veredito na fala do senador remonta a outra entrevista exclusiva concedida à Rádio Metropole em 6 de março de 2022. Por coincidência, uma segunda-feira também. Na ocasião, Wagner surpreendeu os caciques da base aliada ao anunciar que Rui havia decidido concluir o segundo governo, em vez de tentar o Senado, como era do desejo do hoje ministro. Como se sabe, as declarações de Wagner à época levaram o então vice-governador João Leão (PP), que sonhava em ficar à frente do governo na eventual renúncia de Rui, a romper com o PT e migrar para o bloco do União Brasil. 

Pano de fundo
A entrevista evidenciou ainda os atritos entre os dois principais líderes do partido na Bahia. Mesmo que eles tratem os conflitos como intriga da oposição, senador e ministro travam veladamente um duelo interno pelo controle do grupo que comanda o estado desde 2007. Para políticos experientes do arco governista, não foi à toa que Wagner escolheu a mesma rádio onde criou reviravolta há três anos como palco do anúncio em que confirma a trinca petista na pista de 2026. Em síntese, avaliam, foi um tipo de lembrete sobre a necessidade de combinar o jogo com ele antes.

Faz mal a ninguém
Para mostrar que cobra aquilo que dá, Wagner foi cuidadoso ao dizer que, na véspera, havia discutido a chapa majoritária com Rui Costa em Brasília e combinado a presença dele na entrevista. Quando o ministro entrou ao vivo por telefone, o senador disse que achava ótimo ele participar, porque confirmava o que ambos tinham definido no dia anterior, com aval de Lula, com quem conversou longamente na noite do domingo sobre política local e nacional. 

Meia-volta, volver!
Jaques Wagner deixou ainda duas outras mensagens sutis na entrevista a Mário Kertész. Uma delas é de que não há chances de Ângelo Coronel (PSD) se candidatar à reeleição ao Senado no palanque do PT. "Vamos ter problema em 2026? Não diria um problema, mas uma equação a resolver. Rui já declarou que quer ser candidato a senador. (...) Ficamos, eu e Coronel, de conversar lá para o final do ano para ver como ajeita", afirmou. Segundo apurou a Metropolítica, Coronel tem ciência de que não terá lugar para ele na linha de frente da tropa governista, mas busca o melhor acordo de compensação.

Sinal fechado
Por fim, ao desconversar sobre a permanência do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) na chapa majoritária, Wagner ligou a luz vermelha na direção do emedebista. Apesar de defender a tese de que a vaga de um candidato à reeleição é direito natural, ele lembra que a regra transita ao sabor das circunstâncias e dos arranjos. Foi assim que seu primeiro vice, Edmundo Pereira, perdeu a vaga em 2010 para o hoje senador Otto Alencar (PSD) após o ex-ministro Geddel Vieira Lima entrar na disputa pelo governo contra ele. E foi assim que os então senadores Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) foram rifados da chapa e substituídos por Wagner e Coronel.