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Antes de virar agente duplo, PF baiano preso por tramar contra Lula atuou como infiltrado em organizações criminosas
Wladimir Soares ganhou a confiança de dirigentes da Polícia Federal para ocupar cargos de confiança em Brasília, onde integrou a equipe de segurança do presidente e passou a vazar informações sobre a rotina do petista a aliados de Bolsonaro
Foto: Reprodução
Preso desde 19 de novembro de 2024 por envolvimento na trama golpista voltada a impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, o agente da Polícia Federal (PF) Wladimir Matos Soares ganhou espaço na corporação após atuar como infiltrado em grandes operações contra o crime organizado. A experiência, de acordo com fontes que trabalharam com ele na PF, foi fundamental para que Soares agisse como agente duplo na equipe que cuidou da segurança pessoal de Lula até dezembro de 2022, durante o período de transição para o atual governo. Uma vez no posto, passou a vazar informações detalhadas sobre a rotina do então presidente eleito ao núcleo de militares escalados para tocar o plano batizado de Punhal Verde e Amarelo, que incluía até o assassinato do petista, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
Passado de privilégios
"Wlad, como era conhecido entre os colegas, iniciou a carreira na Delegacia da PF em Ilhéus. Era bom de lábia e gostava de ficar bem na fita com todo mundo, principalmente, com os chefes. Mas também parecia ser um agente de campo por vocação e bastante corajoso. Lembro de uma operação bastante sensível e perigosa que ele participou em Itabuna contra roubo de cargas, coisa alta. Muita gente quis cair fora, e ele se ofereceu para fazer infiltração. Foi pegando moral na administração com esse tipo de serviço. Rapidinho conseguiu remoção para Salvador, onde nasceu. Na capital não foi diferente. Pegou moral com a cúpula da Superintendência Regional da PF, vivia viajando pelo país nas operações. Não faltavam diárias e ajudas de custo para ele", conta um policial federal que trabalhou com Wladimir Soares.
Mudança de hábito
"Ele conseguiu conquistar muito rápido o respaldo de dirigentes da PF. Com isso, foi para Brasília, onde ocupou cargos de confiança. Em Salvador, ao contrário de Ilhéus, ele já não gozava da simpatia da imensa maioria dos colegas. Desconfio que essa resistência tem a ver com a última greve da Federal em 2012, quando ele teve um comportamento duplo, de traíra mesmo. Pelo que soube internamente, Wlad realmente mudou muito depois que chegou em Salvador, onde tinha fama de violento. Ficou um cara estranho. Apesar do espaço que conquistou nos governos do PT (chegou a ser nomeado para o setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia de 2007 a 2008), virou bolsonarista até a alma", confidencia outro agente que atuou com Wladimir Soares no começo da carreira.
Prova vocal
Recentemente, o nome do policial federal voltou ao centro do noticiário nacional diante da divulgação de áudios incriminadores enviados por Soares a aliados entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Neles, o agente da PF diz que o grupo estava pronto para agir e "matar meio mundo de gente". Em outro trecho, ele demonstra decepção com o recuo de Bolsonaro, postura atribuída à traição de generais do Exército. As mensagens de voz mostram que o policial e demais integrantes do Punhal Verde e Amarelo planejavam também a prisão de Alexandre de Moraes. "Ele (o ministro do Supremo) tinha que ter tido a cabeça cortada quando impediu o presidente (Bolsonaro) de colocar um diretor da Polícia Federal. A gente estava preparado para isso, inclusive, para ir prendê-lo, e eu ia estar na equipe", ressalta um dos áudios descobertos pela PF.
Na surdina
Segundo as investigações, Wladimir Soares aproveitou o posto no grupo de policiais destacados para proteger Lula e demais membros do gabinete de transição que estavam hospedados no Hotel Meliá, em Brasília, para repassar informações sobre a segurança do petista aos aliados de Bolsonaro na tentativa de golpe. Entre os detalhes compartilhados por ele estavam as rotas da comitiva, vulnerabilidades da equipe e o posicionamento do Comando de Operações Táticas (COT), unidade tática de elite da PF. A partir desta terça-feira (20), o Supremo começará a julgá-lo junto com 11 militares acusados de planejar ataques ao presidente.
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