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Diretoria do BC suspeita de maquiagem bilionária em balanço de ativos do Banco Master

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Por Jairo Costa Júnior

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Diretoria do BC suspeita de maquiagem bilionária em balanço de ativos do Banco Master

Principal desconfiança é de que imóveis tiveram avaliação muito acima do mercado com o objetivo de inflar patrimônio da instituição que controla empréstimos consignados de servidores públicos baianos e facilitar venda para o BRB

Diretoria do BC suspeita de maquiagem bilionária em balanço de ativos do Banco Master

Foto: Divulgação

Por: Jairo Costa Jr. no dia 11 de agosto de 2025 às 19:02

Atualizado: no dia 11 de agosto de 2025 às 19:36

É grande a desconfiança de diretores do Banco Central (BC) sobre a veracidade do recém-publicado balanço de ativos do Banco Master, bastante conhecido na Bahia operar gordos contratos de crédito consignado com servidores da prefeitura de Salvador e do governo do estado por meio do Credcesta, em raro exemplo de ecumenismo político. Fontes com acesso a detalhes em torno do processo de compra do Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB), estatal do governo do Distrito Federal, revelaram à Metropolítica que a suspeita do BC gira, sobretudo, em torno do tamanho real do patrimônio imobiliário informado pela instituição financeira criada pelo mineiro Daniel Volcaro e pelo baiano Guga Lima. Em resumo, garantem, há indícios suficientes de que o valor de muitos imóveis incorporados ao balanço esteja muito acima do que valem de fato no mercado.

Chama o VAR! 
"As informações que me chegaram por integrantes da diretoria do BC é de que essa supervalorização de imóveis ajudou a inflar o montante dos ativos do Master que, segundo informou o banco e a imprensa noticiou na quinta-feira (07), chegou a aproximadamente R$ 90 bilhões no primeiro trimestre de 2025. Essa desconfiança é que travou de vez a análise do BC sobre o processo de venda para o BRB, etapa obrigatória para que a transação seja autorizada. E será muito difícil obter o aval enquanto o patrimônio imobiliário não for avaliado pelo que realmente vale", ressaltou um consultor financeiro escalado por um grupo de empresários interessados em saber o grau de viabilidade do negócio e proteger eventuais investimentos feitos pelos clientes  junto ao Master.

Batom na gola
Uma reportagem publicada pela revista Piauí no último dia 25 de julho reforça as suspeitas que rondam o comando do Banco Central. De acordo com a publicação, o Master aceitou um terreno superavaliado no Sul da Bahia como garantia para empréstimo de R$ 356 milhões feito à Griffood, empresa paulista de alimentos congelados. Ainda de acordo com a publicação, o imóvel de 541 mil metros quadrados situado no Geraldão, na periferia do município de Santa Cruz Cabrália, foi comprado por apenas R$ 500 mil em 2022 pelo Grupo FXF Empreendimentos, sócio da Griffood. Às vésperas de fechar o empréstimo, em 2023, o mesmo terreno tinha sido avaliado em R$ 100 milhões, duzentas vezes a mais. 

Além da conta
Para completar, destacou a Piauí, a área ocupa terras reivindicadas pelos Pataxó, é invadida por indígenas da etnia, fica rodeado por bairros dominados por facções do narcotráfico e está distante cerca de três quilômetros das cobiçadas e históricas praias de Santa Cruz Cabrália, na chamada Costa do Descobrimento, entre as quais Coroa Vermelha, Mutá, Arakai e Santo Antônio. "Esse é um dos exemplos que entraram no radar do Banco Central. Um terreno sem valor turístico algum que justifique a soma pela qual foi avaliada saltar de meio milhão para cem milhões de reais em tão pouco tempo e bem perto da concessão de um empréstimo é, no mínimo, suspeito. Mas há outros casos semelhantes", acrescentou outra fonte que atua no mercado financeiro e acompanha de perto o andamento da análise do BC referente à compra do Master pelo banco brasiliense. 

Vitamina artificial  
Fora as desconfianças sobre o real patrimônio imobiliário, os técnicos do BC concentram a lupa também sobre ações adquiridas pelo Master. "Há informações consistentes de que o banco adquiria papéis sem valor, fazia movimentações para inflar o preço e depois tentavam vendê-los ou colocar no pacote da negociação com o BRB por montantes superestimados. É líquido e certo que a área técnica do Banco Central não tem a menor dúvida de que o Master fez manobras contábeis com essas ações para vitaminar seu balanço de ativos de modo artificial", emendou a mesma fonte.

Cessar-fogo 
A cúpula do Grupo Mateus, gigante varejista do Nordeste fundada por empresários maranhenses, desembarca em Salvador no próximo dia 19 para formalizar um acordo com o Carrefour que colocará o ponto final no imbróglio relativo ao antigo Hiper Bompreço da Avenida ACM, na região do Iguatemi. Segundo apurou a Metropolítica, o Carrefour fez uma oferta para vender a participação de 30% que tem no imóvel, mas a rede supermercadista não aceitou. Em movimento simultâneo, os negociadores do Mateus fizeram uma contraproposta, acatada pelo grupo francês que controlava a bandeira Bompreço e opera ainda o Sam's Club no Brasil. 

Cai e levanta
Para entender o bizu envolvendo o Grupo Mateus e o Carrefour, é preciso voltar ao início de abril deste ano. À época, a Justiça acatou pedido da companhia francesa e deferiu uma liminar impedindo que a rede do Maranhão instalasse no local sua primeira unidade em formato de hipermercado na capital baiana, por meio de contrato de aluguel firmado com um dos sócios do Mateus, que adquiriu sozinho 70% do imóvel . Contudo, o Tribunal de Justiça da Bahia cassou a decisão de primeira instância e liberou o acerto.  Fora a área do Iguatemi, a empresa está em franco processo para abrir, no Salvador Norte, uma loja do Mix Mateus, braço da rede no segmento de atacadões, com presença em oito cidades do interior do estado, incluindo Vitória da Conquista, Juazeiro, Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas.

Me inclua fora dessa
Parlamentares alinhados ao bloco da direita estão convencidos de que o deputado baiano Capitão Alden (PL) iniciou um movimento para se descolar gradativamente do bolsonarismo. Até então um dos mais ativos integrantes da tropa de choque do ex-presidente Jair Bolsonaro na Câmara Federal, Alden pulou fora do motim protagonizado por cerca de uma dúzia de membros da bancada do PL na Casa e silenciou em relação ao tarifaço imposto pelo presidente do EUA, Donald Trump, ao produtos brasileiros.  

De caju em caju 
Pouco antes de ser nomeado novo chefe da Casa Civil da prefeita de Lauro de Freitas, Débora Régis (União Brasil), o ex-prefeito da cidade Marcelo Abreu teve que deixar o cargo de coordenador que ocupava no terceiro escalão do Palácio Thomé de Souza. Mais precisamente como coordenador da Ouvidoria Geral do Município, subordinada à Secretaria de Governo, sob controle do ex-deputado Cacá Leão (PP), de quem é aliadíssimo. A saída de Abreu não deixou qualquer tipo de lacuna no órgão. Isso porque os colegas de trabalho dificilmente o encontravam no batente.