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Em menos de um mês, TCU condena terceiro político baiano por uso irregular de verbas para vítimas das chuvas

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Cúpula do PSDB escala deputado da Bahia para tentar salvar acordo de unificação com Podemos
Adolfo Viana é convocado com a missão de reverter naufrágio das negociações para unificar os dois partidos e estancar a desidratação dos tucanos
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Caciques do PSDB iniciaram uma ofensiva para tentar evitar o naufrágio da união do partido com o Podemos e escalaram o deputado federal baiano Adolfo Viana para mediar um eventual acordo com o outro lado da mesa de negociações. A estratégia de unificar duas legendas era vista por líderes tucanos como a melhor chance de dar sobrevida à sigla que governou o país por oito anos, foi uma das principais forças no Congresso e dominou a polarização com o PT durante três décadas, mas começou a enfrentar um forte processo de definhamento desde 2018, a reboque da ascensão do bolsonarismo.
Pano de fundo
Apesar do desejo do PSDB de incorporar o Podemos a tempo de disputar as eleições de 2026, conflitos em relação ao comando da legenda implodiram as tratativas. "A questão é muito difícil de resolver. Renata Abreu (presidente do Podemos e deputada federal por São Paulo) impôs como condição ficar com o controle total do partido por quatro anos. Isso nós não aceitamos. Marconi Perillo (ex-governador de Goiás e presidente do PSDB) propôs o sistema de rodízio, com as duas alas se revezando a cada dois anos, mas Renata recusou. Vamos ver se Adolfo consegue salvar o acordo", afirmou um integrante da Executiva do PSDB no estado.
Duplo interesse
A escolha do parlamentar baiano para retomar as tratativas não foi à toa. Tido como negociador hábil e discreto em suas movimentações, Adolfo Viana seria também um dos grandes beneficiários da união dos partidos. Isso porque, caso o PSDB incorporasse o Podemos, ele assumiria o leme da legenda unificada, ao menos, pelo próximo biênio. O que inclui ter a palavra final sobre o destino da fatia do fundo eleitoral reservada à Bahia pela direção nacional da sigla. Em contrapartida, Viana encontra resistência do andar de cima do Podemos no estado, cujos membros querem manter soberania sobre as verbas de campanha que lhe cabem e seguir ao lado do PT, ao invés de se alinhar à oposição.
Ou vai ou racha
"Caso Adolfo Viana e demais lideranças que estão com ele nessa empreitada não tenham sucesso nas conversas com o Podemos, nós ficaremos em situação delicada. Ainda mais após a perda de dois governadores para o PSD (Raquel Lyra, de Pernambuco, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul). Mesmo que haja interesse do MDB ou Republicanos em uma fusão, outras duas opções no cardápio, chegaríamos em condições muito desfavoráveis para negociar, porque se tratam de dois partidos hoje bem mais robustos que o nosso", admitiu outro cardeal tucano ouvido pela coluna.
Das duas, uma
Especialistas em políticas fazendárias e gestão fiscal consultados pela Metropolítica enxergaram apenas duas hipóteses por trás da nova lei que concede perdão de metade das dívidas de ICMS para empresas que atuam com refino, extração e processamento de petróleo e gás natural na Bahia, fruto de proposta do Executivo aprovada pela Assembleia Legislativa (Alba) em 17 de junho e sancionada nesta sexta-feira (27) pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) . A primeira seria a necessidade de reforçar o caixa do estado, já que a medida só tem validade se os 50% dos débitos forem pagos até 25 de novembro deste ano.
Conjunto da obra
A segunda probabilidade diz respeito aos interesses de grandes grupos do setor em se livrar de dívidas estimadas hoje na casa dos bilhões. Lista que inclui gigantes como Acelen, que herdou papagaios tributários da Petrobras na operação da antiga Refinaria Landulpho Alves, Petrobahia, PetroRecôncavo e CDGN. Mas há quem diga que foram as duas coisas juntas. Em suma, a combinação da fome com a vontade de comer.
Sangue nos olhos
Ocupantes dos altos escalões do Palácio do Planalto e do PT defendem que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saia das cordas com a faca nos dentes após a derrota maiúscula sofrida na votação que derrubou o decreto de alta do IOF na quarta-feira (25). De acordo com fontes com trânsito livre na Esplanada dos Ministérios, parte da turma acha que a tropa de choque do presidente deve imputar ao Congresso Nacional, especialmente ao Centrão, a pecha de porta-voz da elite, sob o tese de que a derrubada da medida privilegia somente os ricos, ao impedir a cobrança de alíquotas maiores para quem tem mais dinheiro para investir.
Morde e assopra
Outra ala argumenta que o combate agora deve ir além da disputa de narrativas via imprensa ou através de duelos verbais no Legislativo. Em suma, alegam, tem que ser travado nas ruas pela militância e movimento sociais, sem digitais de Lula no processo. Por fim, existe um núcleo do governo que teme os efeitos do confrontos, independente da tática, em ambiente já bastante inflamado no que se refere às relações da Presidência da República com a Câmara e o Senado.
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