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Alvo da PF, dirigente do INTS usou as próprias empresas para desviar verbas do SUS na capital

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Por Jairo Costa Júnior

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Alvo da PF, dirigente do INTS usou as próprias empresas para desviar verbas do SUS na capital

Superintendente-geral do Instituto Nacional de Tecnologia em Saúde, Ian Cunha é um dos principais investigados pela Operação Dia Zero

Alvo da PF, dirigente do INTS usou as próprias empresas para desviar verbas do SUS na capital

Foto: Divulgação/PF

Por: Jairo Costa Jr. no dia 03 de julho de 2025 às 17:35

Alvo da Operação Dia Zero, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 12 de junho para desmontar um esquema de corrupção com recursos da União destinados ao SUS na capital baiana, o superintendente-geral do Instituto Nacional de Tecnologia em Saúde (INTS), Ian dos Anjos Cunha, usou ao menos seis empresas das quais é sócio para desviar verbas públicas de 2013 a 2020. A informação consta na decisão que autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra dirigentes da entidade, assinada pelo juiz Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal Criminal de Salvador.

Passa e repassa
O documento, ao qual a Metropolítica teve acesso, aponta que, durante a vigência do contrato sob a mira da Dia Zero, firmado com a Secretaria de Saúde do Município (SMS), Ian Cunha foi beneficiário de repasses oriundos da INTS "através de empresas das quais possui histórico de vínculos societários, dentre elas, IFC Sistema, IE Tecnologia, Medkey System do Brasil, Lead One Marketing Digital e Santo Verde GF". De acordo com dados obtidos pela PF por meio da quebra de sigilos bancário e fiscal, a soma total transferida por essas empresas para o principal executivo do instituto foi de aproximadamente R$ 7 milhões.

Chuva de milhões
A devassa feita pelos investigadores federais sobre as contas pessoais de Ian Cunha revelou uma movimentação financeira de quase R$ 40 milhões em sete anos. "A par disso, a empresa Cubo Consultoria Eirelli, a qual Ian historicamente integra como sócio, recebeu recurso do Centro Avançado de Tecnologia, beneficiado com mais de R$ 4 milhões de reais do INTS, e transferiu o montante de R$ 954.115 para o dirigente do instituto", destacou o relatório de investigação da PF que fundamentou a operação. 

Modo ostentação
Os desvios de verbas da saúde, segundo informações obtidas pela coluna junto a fontes com acesso a detalhes da Dia Zero, serviam para Ian Cunha bancar a vida típica de um milionário. O que inclui apartamento na Mansão Morada dos Cardeais, condomínio de alto padrão situado no Campo Grande, carros de luxo, joias e viagens a destinos internacionais badalados. Em março deste ano, Ian Cunha foi visto passeando em Courchevel, famosa estação de esqui encravada nos Alpes Franceses.

Mais um
Entretanto, Ian Cunha não foi o único ocupante de cargo de direção do instituto a usar o mesmo expediente. É o caso do superintendente de Relações Institucionais do INTS, Geraldo Andrade Filho. "No período de quebra do sigilo bancário, as contas de Geraldo apresentaram movimentação financeira de R$ 10,8 milhões. Apurou-se, ainda, que Geraldo se utilizou da empresa Alvo Treinamento Profissional, constituída em seu nome, para receber valores de empresas beneficiadas com recursos repassados pelo INTS. (...) Tais empresas integram o grupo criminoso investigado e transferiram R$ 2,65 milhões em favor da Alvo Treinamento que, por sua vez, repassou R$ 1,36 milhão para Geraldo", apontou o relatório.

Negócio caseiro
As investigações sobre o esquema revelaram também que a maior parte das transferências realizadas por Geraldo Filho foi feita em favor da esposa, Samantha Diniz Gonçalves Andrade, que recebeu do marido R$ 1,14 milhão durante cerca de três anos. Ainda conforme a ordem judicial que deu origem à operação, "Samantha também recebeu, a princípio, o valor total R$ 2,03 milhões das empresas que teriam prestado serviço ao INTS".

Para relembrar
Em 17 de junho, a coluna revelou que dirigentes do INTS movimentaram pelo menos R$ 189 milhões de outubro de 2013 a setembro de 2020. O montante se refere tanto ao fluxo de dinheiro que circulou em contas bancárias pessoais dos principais integrantes da diretoria do INTS quanto em nome de familiares, todos alvos da PF. No documento, a investigação imputa apenas a diretores da entidade e a um servidor concursado da Secretaria Municipal de Saúde a responsabilidade pela montagem do esquema, sem mencionar o envolvimento de quaisquer integrantes do alto escalão da prefeitura da capital no caso.