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Oposição traça plano para tentar diminuir domínio eleitoral do PT na zona rural da Bahia

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Por Jairo Costa Júnior

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Oposição traça plano para tentar diminuir domínio eleitoral do PT na zona rural da Bahia

Estrategistas políticos do União Brasil consideram votos do campo fundamentais para elevar as chances de ACM Neto no confronto com Jerônimo Rodrigues

Oposição traça plano para tentar diminuir domínio eleitoral do PT na zona rural da Bahia

Foto: Divulgação

Por: Jairo Costa Jr. no dia 22 de julho de 2025 às 18:07

Atualizado: no dia 22 de julho de 2025 às 18:15

Caciques da oposição planejam uma ofensiva para tentar reduzir a supremacia do PT na zona rural e alavancar votos para o pré-candidato ao governo do estado pelo União Brasil, ACM Neto. Em conversas reservadas com a MetropolÍtica, estrategistas políticos do bloco oposicionista consideram que, sem avançar junto ao eleitorado do campo, será muito difícil para o ex-prefeito de Salvador vencer o segundo duelo com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) em 2026. "Os rincões rurais da Bahia foram o calcanhar de Aquiles para Neto em 2022 e continuam sendo hoje. Sem avançar nesse mapa, o jogo fica mais complicado", avaliou um parlamentar do União Brasil com assento na Executiva Estadual do partido.

De cima pra baixo
Inicialmente, a estratégia é esquadrinhar lideranças nos grandes distritos da zona rural. Existem hoje na prancheta do núcleo duro da oposição pelo menos 30 deles cuja população varia de 8 mil a 20 mil habitantes e têm forte vínculo com a agricultura familiar, segmento dominado pelo PT. É o caso de Itamotinga (Juazeiro), Pilar (Jaguarari), Sambaíba (Itapicuru), Posto da Mata (Nova Viçosa), Vila do Café (Encruzilhada) Taboquinhas (Itacaré), Bom Sossego e Itubaça (Oliveira dos Brejinhos), Itabatã (Mucuri), Suçuarana (Tanhaçu), Salobro (Canarana), Santana do Sobrado (Casa Nova), Bravo (Serra Preta) e Entroncamento de Jaguaquara. 

Passo a passo
"Depois de mapear os líderes nesses distritos maiores, a gente começa o processo de atrair o máximo possível de apoio. O que requer negociações, muitas vezes, demoradas. Uma vez encerrada essa etapa, passaremos para a fase dos menores, sobretudo, localizados nas pequenas e médias cidades, justamente onde ACM Neto perdeu para Jerônimo por margem elástica de votos na última sucessão", destacou um integrante da tropa responsável pela montagem de palanques para Neto no interior baiano. 

Jogo duro 
"Será dureza diminuir a força do PT na zona rural, ainda mais porque a máquina do estado funciona bastante lá e os programas sociais do governo têm peso também, mas é fundamental crescer nesses redutos para elevar as chances. A população do campo representa quase 25% dos eleitores do estado. E isso não pode mais ser desprezado", acrescentou outro quadro influente da oposição.  

Na surdina
Segundo apurou a coluna, a ofensiva para ganhar mais densidade eleitoral no campo será tocada com discrição absoluta, como forma de escapar do radar do Palácio de Ondina. A cautela vem da certeza de que a articulação política do governo Jerônimo vai agir de imediato para impedir eventuais migrações de apoio a ACM Neto, caso perceba qualquer sinal de movimento dos adversários em distritos controlados pelo PT. 

Cara fechada
É cada vez maior a queixa de parlamentares governistas com a atuação do secretário estadual de Infraestrutura, Sergio Brito (PSD). Deputado federal licenciado, Brito é acusado pelos pares de usar a pasta para cooptar prefeitos interessados em obras de pavimentação, com o objetivo de impulsionar sua candidatura à reeleição. Há casos em que deputados da base buscam espaço na agenda do secretário para atender demandas de aliados, mas acabam descobrindo depois que ele negociou diretamente com os prefeitos, em troca de apoio na corrida eleitoral do ano que vem. O clima de insatisfação com os métodos de Brito já virou um foco de crise para a cúpula do governo.

Fio de novelo
Fontes com acesso a detalhes sobre a quinta fase da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no último dia 17, garantem que o material recolhido durante cumprimento de mandados de busca e apreensão pode complicar a vida do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) na investigação sobre o suposto esquema de desvios de emendas parlamentares. O problema maior não vem de Campo Formoso, cidade governada pelo irmão de Elmar, Elmo Nascimento, alvo da Overclean, nem do dinheiro escondido no sapato pelo ex-vereador Francisco Nascimento, primo do parlamentar, que já tinha sido flagrado atirando pela janela uma mala com R$ 250 mil antes de ser preso na primeira fase da operação. O bizu de verdade vem de arquivos encontrados em endereços ligados ao ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira.

Lente de aumento
Indicado por Elmar para o comando da Codevasf em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL), Moreira permaneceu no cargo até 17 de junho, em meio ao avanço das investigações sobre os repasses feitos pela companhia por meio de emendas, parte delas de autoria do deputado baiano. Documentos apreendidos pelos investigadores trazem indícios sobre transações financeiras de alto valor envolvendo empresas até então longe da lupa da PF, mas que devem entrar na mira da próxima fase da Overclean.

Fim de papo
Independente de quem ocupe as três vagas ainda abertas na chapa majoritária que será encabeçada por ACM Neto na próxima eleição, uma delas já está reservada. No caso, a do ex-ministro da Cidadania, João Roma (PL), que amarrou sua candidatura ao Senado durante recente encontro em Brasília.