Jerônimo decide ampliar presença nas maiores cidades baianas para reverter vantagem de ACM Neto

De olho na vantagem elástica obtida pela oposição nas disputas travadas nas eleições de 2022 e 2024 em grandes centros urbanos da Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) adotou como estratégia para os próximos meses ampliar a presença no grupo de 20 maiores cidades do interior baiano. Um exemplo da nova estratégia adotada por Jerônimo foi a transferência da sede administrativa do governo para Juazeiro durante quase uma semana, em agenda que começou no último dia 16 e terminou domingo (20), cujo ponto alto foi a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao mais importante município do Médio São Francisco.

'Operação Presença'
"A mudança do gabinete do governo para Juazeiro por cinco dias mostra a disposição de Jerônimo de aumentar seu recall onde o campo adversário pontuou melhor nas duas sucessões passadas. De modo simultâneo, permite que ele cumpra agenda em cidades sob influência dos grandes centros do interior, como ele fez em Uauá e Sento Sé, localizadas próximas Juazeiro. A ideia é juntar um pacote de entregas, ordens de serviço, inaugurações e anúncios de obras, convênios e projetos para municípios maiores e os demais que estão na mesma região", confidenciou um integrante do alto escalão do Palácio de Ondina.

No Velho Oeste
Já nesta sexta-feira (25), o governador desembarca em Barreiras para um novo périplo, dessa vez no Oeste Baiano, com término previsto para segunda que vem (28). Além de Barreiras, cidade governada pela oposição, Jerônimo fará uma rodada de entregas de obras e equipamentos nas áreas de saúde, educação, agricultura familiar, pavimentação e segurança pública em Cristópolis, Angical e Riachão das Neves. "Note que, antes de Juazeiro, o governador já havia feito roteiro parecido em Paulo Afonso, em abril, e em Jequié, no período junino. Agora, está determinado a colocar o pé na estrada para intensificar a presença nas cidades maiores", acrescentou um cardeal da articulação política do petista.

Nem um pio
Para evitar vazamentos e impedir qualquer contra-ofensiva do bloco aliado ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, pré-candidato ao governo pelo União Brasil, a ordem é manter as agendas de Jerônimo em sigilo e só divulgar à imprensa às vésperas de cada visita. No entanto, a coluna apurou que municípios como Itabuna, Ilhéus e Vitória da Conquista estão entre os prováveis destinos para o segundo semestre.

Aritmética eleitoral
A tática de Jerônimo está fundamentada nos números. No duelo de 2022, ACM Neto levou a melhor contra Jerônimo em 16 das 20 maiores cidades: Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari, Juazeiro, Itabuna, Lauro de Freitas, Teixeira de Freitas, Barreiras, Ilhéus, Alagoinhas, Porto Seguro, Simões Filho, Eunápolis, Santo Antônio de Jesus, Valença e Luís Eduardo Magalhães. Em contrapartida, o petista venceu em Jequié, Paulo Afonso, Candeias e Guanambi. Na sucessão municipal de 2024, o placar ficou em 13 x 6 para Neto.  

Sinal verde
Empresa controlada por investidores russos e cazaques, a Jet Brasil conseguiu habilitação da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) para explorar serviços de compartilhamento de patinetes elétricas por meio de plataforma virtual em Salvador. O credenciamento da Jet foi publicado no Diário Oficial do Município nesta quinta-feira (24) e abre espaço também para que a companhia inclua futuramente em seu leque de produtos outros equipamentos semelhantes de mobilidade individual, a exemplo das mesmas bicicletas elétricas que hoje circulam em cidades de Santa catarina e do Espírito Santo.

Aqui me tens de regresso
Aliados do deputado federal Bacelar (PV) já foram avisados de que ele está de malas prontas para retornar ao Podemos, do qual era integrante desde os tempos em que a sigla ainda se chamava PTN. Recentemente, Bacelar recebeu o convite da presidente nacional do partido, a deputada paulista Renata Abreu, para reingressar no Podemos a partir da próxima janela partidária, que será aberta em março de 2026. As tratativas só foram possíveis após o naufrágio do acordo para uma eventual federação partidária com o PSDB. Como faz parte da base aliada ao governo do estado, o parlamentar era contrário à união com os tucanos, já que o acerto poderia colocar o Podemos no colo da oposição ao PT na Bahia.

Questão de conta
A volta de Bacelar ao Podemos, segundo interlocutores do deputado, não tem relação com qualquer tipo de problema enfrentado por ele na federação que une PT, PCdoB e PV, ainda que existam tensões por parte de líderes do Partido Verde sobre o status da sigla dentro do bloco. A mudança, garantem, está ligada aos cálculos que apontam uma facilidade maior para ele de se reeleger pelo Podemos do que pelo PV.