Metropolítica
Jerônimo decide ampliar presença nas maiores cidades baianas para reverter vantagem de ACM Neto

Home
/
Notícias
/
Metropolítica
/
Temor de banho de sangue no Sul da Bahia levou Lewandowski a prorrogar presença da Força Nacional
Integrantes da equipe que coordena as tropas de segurança na região relatam clima crescente de tensão entre fazendeiros e indígenas na disputa pela posse de terras, com formação de milícias armadas e ameaças de novas invasões
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O temor de um banho de sangue a qualquer hora na longa disputa de terras travadas entre fazendeiros e indígenas no Sul e Extremo-Sul da Bahia está por trás da decisão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública de prorrogar por mais 90 dias a permanência da Força Nacional na Região. Segundo apurou a Metropolítica, dirigentes da Funai no estado alertaram o chefe da pasta, Ricardo Lewandowsky, que a tensão é crescente nas duas áreas onde estão concentrados os conflitos mais violentos, com formação de grupos paramilitares armados dos dois lados da guerra: as terras indígenas de Barra Velha do Monte Pascoal, nos limites de Porto Seguro, Itamaraju, Itabela e Prado; e Caramuru-Catarina Paraguaçu, entre os município de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia. Ambas são habitadas, respectivamente, por pataxós e pataxós hã hã hãe.
Notícias de uma guerra
"Aqui virou uma zona quente, onde tudo pode acontecer. A situação está cada vez mais complicada. Inclusive, iríamos fazer essa semana a reintegração de posse de uma fazenda tomada pelos indígenas, mas a ação foi suspensa pelo TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Com isso, a confusão lá tá enorme", desabafou um dos integrantes da equipe que coordena a ofensiva da Força Nacional, em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública e as polícias Militar, Civil e Federal. "A presença das tropas federais até 20 de outubro é importante demais aqui na região nesse momento bastante delicado, porque é uma presença ostensiva relevante, e as forças de segurança do estado não conseguiriam de fato dar conta da demanda alta", emendou.
Bangue-bangue
Fontes que atuam na mediação do confronto informaram à coluna que, nos últimos dias, fazendeiros voltaram a se unir com disposição de expulsar indígenas através da formação de milícias e contratação de pistoleiros, mas garantiram também que os pataxós estão fortemente armados e dispostos a manter as terras ocupadas, inclusive, avançando na tomada de novas propriedades rurais. "É óbvio que há uma disputa de narrativas, com os dois lados se acusando mutuamente de agir de forma violenta. Mas isso decorre da demora do Poder Público de encontrar uma solução definitiva para o conflito. A Força Nacional por mais três meses na região é uma iniciativa louvável, mas não vai resolver o problema", disse um representante do governo federal que atua no front da guerra.
Rastilho de pólvora
Desde 21 de janeiro de 2014, os confrontos entre fazendeiros e indígenas vêm deixando um rastro de mortos e feridos. À época, 200 produtores rurais se reuniram em um grupo no WhatsApp, intitulado Invasão Zero, e convocaram uma investida com o objetivo de retomar a posse da Fazenda Inhaúma, localizada na Terra Caramuru-Paraguassu. O episódio terminou com o assassinato de uma liderança pataxó e ao menos quatro indígenas feridos. Em abril deste ano, após mais uma série de mortes de pataxós, de invasões a propriedades e bloqueios de estradas pelos indígenas, o Ministério da Justiça determinou o envio da Força Nacional às zonas de conflito. "Só isso ainda impede um banho de sangue no Sul do estado. O que estamos vendo no dia a dia por aqui indica o acirramento dos conflitos", acrescentou outro quadro que faz parte da operação para frear a escalada de violência na região.
Novo pepino
O deputado federal Ricardo Maia (MDB) foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) pelo sumiço de aproximadamente R$ 160 mil que foram destinados pelo Fundo Nacional da Educação para custear o transporte escolar em Ribeira do Pombal entre 5 de janeiro e 8 de dezembro de 2016, ano em que foi reeleito para comandar a cidade situada na região sisaleira. Além de obrigado a devolver aos cofres públicos o valor, com juros de mora e correção monetária ao longo de quase nove anos, Maia terá que pagar também multa de R$ 54 mil por causa das irregularidades no uso de verbas enviadas pelo governo federal.
Novela repetida
Desde que ascendeu ao poder, Ricardo Maia tem acumulado denúncias em série. Somente no TCU ele já respondeu a quatro processos por irregularidades com recursos transferidos para Ribeira do Pombal por meio do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate). Em abril de 2016, Maia foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Águia de Haia por participar da teia de corrupção e fraudes em licitação envolvendo verbas do Ministério da Educação transferidas para mais de 20 municípios baianos.
De todos os lados
Em 11 de junho deste ano, o MP da Bahia ajuizou ação penal contra o deputado do MDB por supostos desvios em um contrato firmado sem licitação com o Instituto Municipal de Administração Pública quando governava a cidade, hoje gerida por Eriksson Silva (MDB), apadrinhado de Ricardo Maia. No mesmo compasso, ele foi denunciado por uma série de gastos suspeitos bancados pela Câmara. Também está entre os parlamentares que entraram na mira do MPF por causa das chamadas emendas Pix, incluindo, as destinadas por ele para o município de Tucano, governado por seu principal herdeiro político, Ricardo Maia Filho, também do MDB.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.