Após naufrágio com o Podemos, PSDB tenta manter federação com o Cidadania

Em franco processo de definhamento, o PSDB negocia em estágio avançado para retomar a federação formada com o Cidadania nas eleições de 2022, garantem líderes tucanos muito próximos ao presidente estadual do partido, o deputado baiano Adolfo Viana, líder da bancada da legenda na Câmara e um dos principais articuladores políticos da sigla. As tratativas do PSDB com o antigo aliado ocorrem após o naufrágio na tentativa de se fundir, incorporar ou federar com o  Podemos, por causa de conflitos sobre o comando partidário, tanto em nível nacional, quanto nos estados. Traduzindo: tinha cacique demais para pouca tribo.

Juntos, mas separados
Tecnicamente, PSDB e Cidadania continuam unidos em uma federação, já que a lei eleitoral impõe uma quarentena de, no mínimo, quatro anos para que tal arranjo seja rompido. Em 16 de março deste ano, entretanto, o Diretório Nacional do Cidadania votou pelo rompimento com os tucanos, no rastro de tensões sobre quem manda onde e divergências sobre a montagem de candidaturas únicas em diversas cidades brasileiras. Cardeais do partido oriundo do extinto PPS também se queixavam de serem enterrados no ninho dos tucanos.

Tábua de salvação
"Depois que o projeto do Podemos foi para o brejo, aparar as arestas com o Cidadania virou o único caminho possível para que o PSDB não morra de desidratação devido às cláusulas de barreira. Só driblamos as travas na sucessão de 2022 porque tínhamos nos federado com o Cidadania. Juntos, elegemos 18 deputados federais, e isso tirou ambos da bacia das almas. Reatar a federação virou questão de sobrevivência para os dois, e é muito provável que a gente traga um terceiro partido para nosso lado", afirmou um integrante da Executiva Estadual do PSDB.

Perdas e danos
"O PSDB tinha 54 deputados em 2015, a terceira maior bancada da Câmara. Hoje, só tem 13. No Senado, fomos uma das maiores forças. Agora, nos restam três senadores. Perdemos todos os governadores que elegemos em  2022. Raquel Lira (de Pernambuco) e Eduardo Leite (do Rio Grande do Sul) se mandaram para o PSD. Mês passado, a gente perdeu Eduardo Riedel (do Mato Grosso do Sul) para o PP. Ao mesmo tempo, enfrentamos dificuldades com partidos mais robustos, porque muitos de nós não aceitam os termos propostos, ou seja, virarmos satélite. Então, renovar a união com Cidadania é o caminho provável, mas pode ser que afunde. Foram tantas reviravoltas que tudo pode acontecer, inclusive, nada.", resume outro cacique tucano que participa das negociações com o Cidadania. 

Cara fechada
Parlamentares que integram a Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) estão irritados com as desculpas dadas pelos emissários da Gol e da Latam para a escassez de voos regionais no estado, sobretudo, os que nem Salvador a duas importantes cidades do interior: Vitória da Conquista e Ilhéus. Em síntese, as duas companhias aéreas alegaram que faltam aviões no mercado e eles precisam priorizar as rotas do Sul e Sudeste do país - segundo ambas, mais rentáveis. 

Pescoço grosso
Dois deputados da oposição que integram o colegiado da Alba, Tiago Correia (PSDB) e Pedro Tavares (União Brasil), chegaram a criticar as duas empresas pelo fato de usarem os benefícios tributários do ICMS concedidos pelo governo do estado sobre o combustível de aviação, enquanto tratam a Bahia como segundo e terceiro escalões em seus negócios. Desceram o malho também no que chamaram de inércia do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em cobrar as áreas. 

Má-digestão
As alegações sobre os preços exorbitantes - há casos que as passagens de ida e volta custam mais de R$ 7 mil -  e a baixa oferta de voos diretos entre a capital e Vitória da Conquista ou Ilhéus também não foram bem digeridas. Em resumo, Gol e Latam alegaram que possuem hubs em Belo Horizonte e Guarulhos, respectivamente, e que por isso os passageiros originados de Salvador eram obrigados a fazer escala em Minas Gerais ou São Paulo antes de desembarcarem em uma das duas cidades baianas.  

Follow the money
O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) decidiu apertar o cerco contra o prefeito de Luis Eduardo Magalhães, Júnior Marabá (PP), por causa de contratos de pavimentação e tapa-buracos firmados desde 2021 com a construtora DX, cujos valores chegam a quase R$ 135 milhões. Por meio da 1ª Diretoria de Controle Externo, o TCM determinou que a prefeitura da cidade, um dos grandes polos do agro no Oeste baiano, esclareça à Justiça as razões para o alto montante investido e os motivos para sucessivas contratações, por meio de certames que elegeram uma única empresa como prestadora do serviço nos últimos quatro anos e meio. A ofensiva foi deflagrada a reboque de uma série de denúncias sobre suposto superfaturamento e licitações de cartas marcadas.

Pescaria sem anzol 
Com a justificativa de captar visitantes estrangeiros, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) destinou R$ 180 mil para a Lavagem de Madeleine, realizada anualmente em Paris pelo produtor baiano Robertinho Chaves. Em igual compasso, destinou R$ 100 mil para o giro que a BaianaSystem fará no exterior, com o novo projeto da banda, Lundu Rock Show. Faltaram só incluir ações de ativação turística nos dois eventos. Sem isso, dizem empresários que atuam no segmento, é igual a investir seis para ganhar meia-dúzia.