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Líderes do PP acham que sigla corre risco de definhar em 2026 após aliança com União Brasil

Avaliação tem como pano de fundo crescimento de Lula no Nordeste, região que tem forte peso sobre a composição do partido na direção nacional, Câmara dos Deputados e Senado; maior temor é a debandada de parlamentares que preferem adesão ao presidente

Foto: Divulgação
Integrantes da bancada do PP na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa da Bahia já conversam abertamente sobre o risco que a sigla corre por ter se juntado ao União Brasil para formar a mais nova e vitaminada federação partidária do país, a União Progressista. A avaliação é a de que o clima que levou os dois partidos a se casarem era outro diferente do atual, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em franco declínio de popularidade e o centrão, ala do qual PP e União Brasil são expoentes, forte como nunca e com altas chances de definir posições na montagem da chapa na ala mais à direita do espectro político. No entanto, o panorama mudou. Os números de Lula vêm apresentando viés de alta e dá sinais de que chegará mais competitivo do que agora no raiar das eleições de 2026. O que, segundo parlamentares da legenda ouvidos pela Metropolítica, vai resultar na debandada de pepistas que resistiam em romper com o Palácio do Planalto.
Matemática do poder
A explicação, conforme um experiente deputado pepista, é mais simples do que parece e tem origem na política regional. "Faça as contas e você vai perceber o peso que o Nordeste tem no PP. Seus dois principais caciques atualmente, Arthur Lira (deputado por Alagoas e ex-presidente da Câmara) e Ciro Nogueira (senador pelo Piauí e ex-ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro), são nordestinos. Outros quadros fortes também são do Nordeste. Como Mário Negromonte Júnior, Cláudio Cajado, João Leão, todos daí da Bahia. O próprio ministro André Fufuca (Esporte) é deputado licenciado pelo Maranhão e decidiu peitar a direção do partido para permanecer no cargo. Estou falando apenas de alguns exemplos. Há divisões internas, claro, mas a força que Lula vem demonstrando junto ao eleitorado pode e muito mudar o jogo", destacou o parlamentar.
Bate-volta
A coluna decidiu seguir a sugestão do cardeal pepista e foi fazer as contas. Dos 60 membros da bancada do PP em exercício, 24 foram eleitos pelo Nordeste. A soma corresponde a exatos 40% da bancada na Câmara. Parte desses parlamentares são lideranças fortes em seus estados. Entre os quais, Aguinaldo Ribeiro (PB); Marx Beltrão (AL), Eduardo da Fonte (PE) e João Maia e Robinson Faria (RN). No Senado, a proporção é ainda maior: 43%. Dos sete senadores da legenda em atividade, três são nordestinos. O próprio Ciro Nogueira, presidente nacional do partido e alinhado à ala bolsonarista do PP, é um deles. "É óbvio que nem todos estão alinhados a Lula nos estados, mas muito já foram e tendem a ser de novo caso o cenário da sucessão esteja favorável ao presidente ano que vem. Em especial, no Nordeste, onde a força do presidente é significativa e caminha para atingir o mesmo patamar de avaliação positiva que tinha no começo do mandato", emendou outro parlamentar de longa data do PP.
Tradução simultânea
O temor de que o PP perca musculatura por causa da aliança com o União Brasil e da posição de um grupo da sigla de impor a ruptura com o Lula é tido como a origem dos rumores de que pepistas dissidentes estariam prestes a acertar uma eventual migração para o PSB. A costura, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira (23) pelos jornalistas Maurício Leiro e Victor Hernandes, no portal Bahia Notícias, seria articulada por Mário Negromonte Júnior e avalizada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). Caso ele saia de fato, a informação nos corredores do PP é a de que pode levar junto boa parte da bancada do partido na Alba, composta por seis membros, todos hoje inseridos na base aliada ao governo do estado.
Cara fechada
Auxiliares com assento no núcleo duro do Palácio Thomé de Souza e aliados de primeira hora de Bruno Reis (União Brasil) revelaram, em conversas reservadas, que o prefeito está cada dia mais tenso e com cara de poucos amigos. O mau humor é tão grande que ocupantes do secretariado rezam para não ser chamados de última hora para uma reunião no gabinete de Reis e evitam até pedir resolução de demandas ou liberação de recursos. Os mais próximos ao prefeito, incluindo líderes da tropa de choque na Câmara de Vereadores, atribuem a rabugice aos indícios de que a administração municipal caminha para fechar as contas deste ano com um vermelho daqueles.
Dona da bola
Parlamentares da base e da oposição na Alba andam felizes que só com a gestão da nova presidente da Casa, Ivana Bastos (PSD). Nas rodas de papo na Assembleia, atribuem os elogios à condução considerada mais ágil no atendimento de pleitos dos deputados e na isonomia que vem dando aos pedidos dos dois principais polos de poder no Legislativo estadual. O único porém, confidenciaram interlocutores que gravitam na esfera mais próxima de Ivana, é que ela tem baixíssima tolerância aos arroubos do bloco bolsonarista. Mais precisamente a Diego Castro e Leandro de Jesus, ambos do PL.
Plano C
Ainda sobre Ivana Bastos, políticos abrigados na cúpula do PSD baiano garantem que a presidente da Alba entrou na lista de possibilidades do senador Otto Alencar, presidente estadual do partido, para ocupar uma das duas vagas da corrida pelo Senado na chapa majoritária de Jerônimo Rodrigues em 2026. A tese é de que, ao contrário do senador Angelo Coronel, Ivana é bem vista entre o eleitorado de esquerda.
Bis ao inverso
Em movimento paralelo, o ex-deputado federal Ronaldo Carletto, presidente do Avante na Bahia, trabalha silenciosamente para conquistar o posto de primeiro suplente do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), em uma eventual candidatura dele ao Senado. Se a hipótese se confirmar, Carletto ocupará a mesma posição que teve em 2022, só que do lado oposto. Na última sucessão estadual, quando ainda era filiado ao PP, ele foi primeiro suplente do candidato derrotado ao Senado pela oposição, o ex-deputado federal Cacá Leão, hoje secretário de Governo na gestão de Bruno Reis.
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