
Política
Relatora não crê em fim da CPMI das Fake News e nega risco de mudança de postura de Coronel: 'Seria ruim para o mandato dele'
Parlamentar afirma que recebimento de verba do governo não impede que senador baiano conduza os trabalhos com independência

Foto: Metropress
A deputada federal Lídice da Matta (PSB), relatora da Comissão Parlamentar Mista Inquérito (CPMI) que investiga a divulgação de Fake News, não vê a possibilidade de encerrar o colegiado em meio à retomada dos trabalhos no Congresso Nacional. Em entrevista a Mário Kertész hoje (12), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ela comentou a aproximação do Centrão com o governo de Jair Bolsonaro.
"Há muito tempo, desde que o Centrão aderiu ao governo Bolsonaro, se anuncia que a CPMI vai acabar. No entanto, ela está suspensa a partir da decisão de que nenhuma comissão funcionaria com a pandemia", disse a deputada.
"Agora, a Câmara dos Deputados e o Senado estão tomando a decisão de retornar às atividades das comissões numa movimentação que se costuma dizer híbrida, com a presença e também participação remota dos deputados. Esta decisão é uma decisão que foi votada ontem e vai trazer muitas dificuldades na Câmara. Toda convocação extraordinária remota foi sustentada na ideia de ter como prioridade o combate à pandemia. Todos nós sabemos que isso não vai ser apenas a temática das comissões de trabalho da Casa. Mas vai ser mais complexa, estamos na expectativa de que possamos reinvidicar a abertura da CPMI", acrescentou.
Ainda de acordo com Lídice, a grande proliferação de fake news em meio à pandemia de coronavírus só reforça o papel da CPMI. "Vai ser difícil alguém querer acabar simplesmente com a CPMI. Há um preço político a se pagar por isso. O governo, desde o início, sustentava a ideia de que não precisava de CPMI porque não havia fake news no Brasil. Isto parece uma piada de carnaval. Pelo contrário, o que ficou provado com a pandemia é que existe e existe muito, que faz ameaça ao povo brasileiro", declarou a deputada.
Lídice ainda comentou o trabalho do colega de comissão, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), que recebeu sinal verde do Palácio do Planalto para direcionar R$ 40 milhões em recursos extras do orçamento a obras em seu reduto eleitoral. Para a deputada, mesmo com a verba, o presidente da CPMI das Fake News deve manter a independência. "A pressão vai ser grande e o Centrão veio demonstrar que veio para sustentar este governo. Não tem aceitado as denúncias sobre ele e acham que vão mudar a correlação de forças, mudar os deputados, as indicações durante esse processo. Vamos ter que enfrentar isso politicamente. Não acredito muito na tese de Frota, ele ajudou muito a comissão e a investigação com as denúncias, mas não creio que Coronel, que recebeu esses recursos do governo, vá ter condição de negar a dar continuidade à CPMI. Seria ruim para ele e para o mandato dele", disse a deputada federal.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.