
Política
Congresso não distribui recursos por critérios socioeconômicos, mas por interesses eleitorais, diz jornalista do Estadão
André Shalders diz que presidente Lula terá que enfrentar o controle do orçamento pelo Congresso Nacional

Foto: Reprodução/Radio Metrópole
O jornalista do Estado de S. Paulo, André Shalders, criticou, nesta quarta-feira (9), o Congresso Nacional por distribuir recursos do orçamento público por interesses eleitorais, e não por critérios socioeconômicos, como determina a Constituição brasileira.
"A gente comparou o resultado das eleições de 2018 com a distribuição das verbas parlamentares de 2019 até agosto de 2022. O que a gente descobriu? A gente descobriu que as cidades em que seus votos foram para políticos que não se elegeram terminaram punidas na distribuição de dinheiro. Isso mostra um problema de deixar toda essa alocação do dinheiro na mão do Congresso, o deputado federal tem interesse de mandar o dinheiro para onde ele é eleito. Mas o sistema proporcional de lista aberta nem sempre todas as áreas do país vão ser igualmente atendidas por um deputado destes. O Congresso tem interesse legítimo, mas precisa moderar, porque está criando injustiça, situações que são contrárias ao que manda a Constituição", disse Shalders, em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metropole.
André Shalders disse que a injeção de recursos na cidade piauiense João Costa - base eleitoral do ministro da Casa Civil e senador licenciado Ciro Nogueira (PP) - foi tão grande que é como se cada morador tivesse recebido R$ 1,7 mil de emenda de relator em 2020. Ao passo que, uma comunidade de Coronel José Dias, a cerca de 60 km de João Costa, os habitantes sofrem até com a falta de energia elétrica.
"Essa concentração de dinheiro toda na mão do Congresso não está dando certo. É uma coisa que o presidente Lula terá que enfrentar. Não vai ser fácil. O Brasil precisa rediscutir se vai abrir mão de políticas públicas", afirmou.
Confira a entrevista na íntegra:
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