
Política
E Lula? Influência do presidente na próxima eleição em Salvador é incerta e gera debate
Desde primeira eleição direta para prefeito da capital, em 1985, PT teve sempre candidatos, mas não venceu nenhum pleito

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Puxado pela força eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT está no quinto mandato seguido na Bahia. A influência do petista no estado é inegável: os baianos foram um dos maiores responsáveis pela vitória dele no segundo turno de 2022, com 72% dos votos.
No entanto, a lógica das eleições municipais é um pouco diferente. Em Salvador, Lula teve mais de 70% dos votos no ano passado – mais do que em todas as capitais do Brasil. Mesmo com essa potência eleitoral, todos os prefeitos que ocuparam o Palácio Tomé de Sousa desde o primeiro mandato de Lula, em 2003, não tiveram o apoio do petista na disputa eleitoral.
Foi o caso de João Henrique Carneiro em 2004. Em 2008, ele foi reeleito no embate eleitoral contra Walter Pinheiro, do PT, que tinha o apoio de Lula. No pleito seguinte, em 2012, ACM Neto derrotou o petista Nelson Pelegrino e se reelegeu para um segundo mandato contra Alice Portugal (PCdoB), em 2016. Por último, Bruno Reis (União) despontou na frente de Major Denice (PT) em 2020, com 64% dos votos. Desde a primeira eleição direta para prefeito de Salvador, quando Mário Kértesz foi eleito em 1985, o PT teve sempre candidatos, mas não venceu nenhum pleito.
Para a disputa eleitoral de 2024, os partidos governistas esperam que Lula torne o ambiente favorável para, finalmente, a vitória da esquerda. Por outro lado, os representantes da sigla reconhecem as singularidades do pleito na cidade. “As eleições gerais têm uma dinâmica e as municipais têm outra. Não vejo uma relação tão direta [de Lula]", admitiu Éden Valadares, presidente do PT na Bahia, em entrevista ao Metro1.
Líder do PV, Ivanilson Gomes condicionou a influência de Lula à melhora do relacionamento do governo federal com o Congresso. “Nesse caso, ele pode ser um grande eleitor em 2024”, afirmou.
Estratégia da oposição
As siglas da oposição, por sua vez, dizem não temer o prestígio de Lula na capital. “A influência de atores – seja nível estadual, seja nacional – praticamente não existe. Nem apoio de governador, nem apoio de presidente têm relevância na decisão que o eleitor faz para a escolha do seu candidato”, opinou Paulo Azi, presidente União na Bahia.
“O eleitor se inclina mais a votar de acordo com seus interesses diretos, relacionados às condições em que vive na cidade”, avaliou ainda o representante estadual do PL, João Roma.
Cientista político e sócio do Quaest Pesquisa, Felipe Nunes acredita que, mesmo diante do histórico, haverá uma forte influência do presidente nas eleições de Salvador. “Lula tem sido o principal cabo eleitoral de eleições no Nordeste, tem uma credibilidade muito grande, e não acho que vai ser diferente neste ano. Mas é claro que isso não é condição suficiente para o candidato se eleger”, afirmou, elencando o carisma, a capacidade de dialogar e o histórico político dos candidatos como aspectos importantes a serem considerados.
Apesar de dizerem que não dependem diretamente do apoio de Lula na capital baiana, os candidatos oposicionistas evitam se posicionar contra o presidente. Afinal, a Bahia e Salvador continuam sendo reduto eleitoral do petista. No início deste ano, por exemplo, Bruno Reis chegou a tirar uma foto sorridente ao lado de Lula, em encontro realizado em Brasília. À Metropole, ele elogiou o início do governo do presidente.
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