Bolsonaro quer controlar verbas da Ancine

O presidente Jair Bolsonaro quer mais controle sobre as verbas da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e esboça uma estratégia para censurar o teor da produção cinematográfica incentivada pelo governo, o que ele chamou de filtro num de seus ataques recentes ao órgão.

Segundo a Folha, a estratégia, que já é discutida no Palácio do Planalto e no Ministério da Cidadania, é retirar das mãos da Ancine a gestão de seu mecanismo de fomento direto, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que tem R$ 724 milhões para gastar neste ano. A ideia é passar a execução orçamentária e financeira do FSA, sob comando da Ancine, para a Secretaria Especial da Cultura, subordinada ao Ministério da Cidadania.

Assim, a Ancine deixaria de ser responsável pelo incentivo financeiro do mercado de cinema e televisão e se limitaria a um papel de regulação e supervisão.

A equipe de Bolsonaro ainda trabalha nos bastidores para que a agência tenha uma função semelhante à de estruturas correlatas, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O processo de escolha das produções beneficiadas pelos recursos do fundo passaria, então, a ser centralizado na estrutura ministerial.

Produtores e diretores avaliam que a mudança bate de frente com um momento de sucessos recentes do cinema nacional, com premiações em festivais internacionais importantes como o de Cannes, na França, o americano Sundance e a Berlinale, na capital alemã, além de ser uma forma de censura velada.

Na semana passada, o presidente chegou a declarar que, se não pudesse impor um filtro à Ancine, extinguiria ou privatizaria a agência.

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