Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Segunda-feira, 22 de abril de 2024

Home

/

Notícias

/

Política

/

Delator da Lava Jato diz ter lavado dinheiro para Grupo Silvio Santos

Política

Delator da Lava Jato diz ter lavado dinheiro para Grupo Silvio Santos

Depoimentos de Adir Assad foram compartilhados entre procuradores do Ministério Público Federal no aplicativo Telegram e divulgados hoje

Delator da Lava Jato diz ter lavado dinheiro para Grupo Silvio Santos

Foto: José Cruz/ ABr

Por: Juliana Almirante no dia 29 de agosto de 2019 às 08:01

O operador financeiro Adir Assad, delator da Lava Jato preso, afirmou, em anexos do seu acordo de delação premiada, que lavou milhões de reais para o Grupo Silvio Santos por meio de contratos fraudados de patrocínio esportivo.

Os depoimentos do operador foram compartilhados entre procuradores do Ministério Público Federal no aplicativo Telegram. O conteúdo foi obtido pelo The Intercept Brasil, analisado em conjunto com a Folha, e divulgados em reportagem de hoje (29).  

Nos relatos compartilhados, Assad não menciona especificamente o apresentador e empresário Silvio Santos, no entanto, aponta como um dos contatos no grupo o sobrinho dele, Daniel Abravanel, e o uso da empresa Tele Sena.

Segundo o delator, o esquema teria funcionado em duas épocas. No fim dos anos 1990, o operador afirmou ter feito contratos superfaturados de patrocínio entre suas empresas e pilotos da Fórmula Indy e da categoria Indy Lights. À época, ele teria se relacionado com Guilherme Stoliar, que hoje é presidente do Grupo Silvio Santos. A operação teria movimentado R$ 10 milhões naquele período. Segundo ele, os pilotos patrocinados, "apenas viabilizavam espaços de publicidade" e não sabiam das irregularidades nas transações.O irmão de Assad, Samir, que trabalhava com ele e virou delator, também fez um relato que confirma a versão.

A segunda fase do esquema seria em meados dos anos 2000. Assad diz ter feito contratos de imagem e de patrocínio na Fórmula Truck e conta que transferia aos esportistas uma pequena parcela dos valores contratados e devolvia ao SBT o restante da quantia. Ainda segundo o depoimento, a maior parte do dinheiro era devolvida em espécie a um diretor financeiro chamado Vilmar, em um escritório do grupo, no centro de São Paulo. 

Documento elaborado na delação mostra que a 'Liderança Capitalização", empresa responsável pela Tele Sena, pagou ao menos R$ 19 milhões para uma das firmas do operador, a Rock Star, de 2006 a 2011, diz  O diretor financeiro das empresas de Silvio Santos à época era Vilmar Bernardes da Costa.

A segunda fase do esquema,  conforme Assad, começou após acordo com Daniel Abravanel e o pai dele, Henrique Abravanel, irmão de Silvio. O relato com as acusações ao grupo foi incluído na versão final do acordo de colaboração do operador, firmado em 2017 e homologado na Justiça.  Detalhes do caso e da apuração seguem sob sigilo até hoje.


Outro lado
Questionados pela reportagem, o SBT e o Grupo Silvio Santos disseram, em uma nota, que, "por desconhecerem o teor da delação" de Adir Assad, não poderiam se manifestar a respeito. "Aproveitamos para enfatizar que as empresas do GSS sempre pautaram suas condutas pelas melhores práticas de governança e dentro dos estritos princípios legais", afirma o comunicado.

Vilmar Bernardes da Costa afirmou que não pode se manifestar "sobre suposta delação sobre a qual não tem qualquer informação oficial". Ele também alega que sempre pautou sua "conduta profissional pelo estrito cumprimento de seus deveres éticos e legais". Os advogados de Adir Assad não comentam o acordo de colaboração do operador.

Helio Castro Neves disse, por meio de assessoria, que não conhece Assad e que nunca teve qualquer negócio com o delator.