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Ex-marqueteiro do PT diz que 'caixa 2 sempre foi a alma do sistema político'

Política

Ex-marqueteiro do PT diz que 'caixa 2 sempre foi a alma do sistema político'

João Santana diz que montante desviado não pode ser considerada como "uma unha encravada" na forma de fazer política no país

Ex-marqueteiro do PT diz que 'caixa 2 sempre foi a alma do sistema político'

Foto: Reprodução/TV Cultura

Por: Matheus Simoni no dia 27 de outubro de 2020 às 08:16


O publicitário e marqueteiro João Santana, responsável por campanhas presidenciais do PT em 2006, 2010 e 2014, afirmou ontem (26), durante entrevista no programa Roda Viva, que a prática do caixa dois é a "alma do sistema eleitoral brasileiro". Foi a primeira vez que Santana foi entrevistado desde 2016, quando foi preso em operação da Lava Jato. "O caixa dois não foi uma unha encravada no sistema político brasileiro. O caixa dois foi sempre a alma do sistema eleitoral brasileiro, era uma coisa geral, especifica, poucos foram punidos", disse João Santana.  

Ainda segundo o publicitário, a prática era tão consentida no país que "criou-se uma sensação de normalidade". "A imprensa não sabia do caixa dois? Sabia!", disse Satana aos jornalistas presentes no programa. "A questão não é nem o dinheiro, a questão é a ânsia de vencer, formar um cabedal de vitórias que ninguém na minha geração vai alcançar", acrescentou. 

Apesar do acordo de delação premiada com a Justiça, no qual relatou e confirmou as práticas de ilicitudes, Santana declarou que não sabia a origem do dinheiro. "Eu não tinha a menor ideia do esquema tão forte e tão desorganizado. Estou contando, relatando", afirmou. 

O ex-marqueteiro também criticou a Lava Jato ao afirmar que poucos foram punidos pela questão ilícita envolvendo campanhas eleitorais. Para ele, trata-se de mexer na estrutura eleitoral e não apenas condenar alguns casos. "Uma pergunta técnica: não seria muito mais importante para a purificação, reorganização do sistema eleitoral brasileiro se a Lava Jato, quando descobrisse um caso de caixa dois da magnitude do nosso caso, tivesse organizado e mandado para a procuradoria-geral da República e pedisse que ela, junto com TSE, fizesse uma grande força tarefa no Brasil para examinar do que centralizado? Pelo próprio escopo da Lava Jato, o Brasil perdeu uma oportunidade de eliminar isso profundamente", declarou o publicitário.