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Sábado, 02 de dezembro de 2023

Rádio Metropole

Cinema americano teve forte influência no Carnaval de Salvador, conta Alberto Pitta em livro

Artista plástico conta história dos blocos de índios de Salvador em entrevista ao programa Revele

Cinema americano teve forte influência no Carnaval de Salvador, conta Alberto Pitta em livro

Foto: Metropress

Por: Geovana Oliveira no dia 25 de janeiro de 2023 às 15:46

Nos dias em que a escola de samba Juventude do Garcia não saia nas ruas de Salvador, durante o Carnaval, era a vez do Cacique do Garcia desfilar. O primeiro bloco de índio da capital baiana, fundado em 1966, foi inspirado no Cacique de Ramos, do Rio de Janeiro, e iniciou toda uma nova tradição de carnaval na Bahia. 

Quem conta a história é o artista plástico Alberto Pitta, que lançou recentemente o livro 'Histórias Contadas em Tecidos - O Carnaval Negro Baiano'. Em entrevista ao programa Revele, na Rádio Metropole, Pitta conta ainda uma curiosidade: o cinema americano influenciou a escolha de nome para os blocos de índios de Salvador. 

"Depois do Cacique do Garcia, eles vão para o Tororó. Lá, a escola de samba Filhos de Tororó tem a ideia de fazer aquilo no Tororó e passou a ser o índio. Na sequência, vieram outros blocos de índio, mas todos com nome de tribos americanas, por conta do cinema, dos filmes de cowboy. Ou seja, o cinema americano teve uma forte influência no carnaval da Bahia", conta o artista plástico em entrevista ao produtor e diretor teatral Fernando Guerreiro, diretor da Fundação Gregório de Mattos.

Alberto afirma ainda que pretende transformar o livro em filme. "Isso foi uma onda na época e os blocos de índios eram extremamente organizados. Mas, por causa do preconceito, eles desfilavam sempre com um batalhão da polícia", conta Pitta. Os blocos, como o Apaxes do Tororó, chegavam a sair com 8 mil integrantes. 
 
O artista plástico escreveu que 1977 foi "o ano que o Carnaval acabou mais cedo". Segundo ele relata, às 19h, a noite já havia virado uma "praça de guerra". Naquele ano, o bloco Apaxe foi acusado de invadir o bloco Lá Vem Elas — bloco só de mulheres da classe média branca, nas palavras de Pitta. 

"Vovô do Ilê conta que ele colocou índios se escondendo dentro do carro alegórico do Ilê. Os apaxes correram, outros foram presos", conta Alberto. 

Segundo o carnavalesco, Histórias Contadas em Tecidos é um livro de memórias do que viveu no Carnaval da Bahia no final da década de 1960 até hoje. "Eu sempre fui um homem do carnaval, sempre gostei do carnaval, sobretudo do carnaval que era realizado pelos blocos de índios na época. Eu fui procurar essa história. Não procurei acadêmicos, historiadores, etc. Falei: vou contar o que eu vi", diz. 

Confira a entrevista na íntegra: