Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Segunda-feira, 06 de maio de 2024

Home

/

Notícias

/

Rádio Metropole

/

Na Metropole, escritor discute nova obra "Elza, a garota": "A esquerda não queria falar sobre Elza Fernandes"

Rádio Metropole

Na Metropole, escritor discute nova obra "Elza, a garota": "A esquerda não queria falar sobre Elza Fernandes"

Autor da obra "Elza, a garota: A história da jovem comunista que o Partido matou", Sérgio Rodrigues foi entrevistado na Metropole nesta sexta-feira

Na Metropole, escritor discute nova obra "Elza, a garota":  "A esquerda não queria falar sobre Elza Fernandes"

Foto: Reprodução/Rádio Metropole

Por: Metro1 no dia 13 de outubro de 2023 às 09:40

Atualizado: no dia 13 de outubro de 2023 às 10:31

Entrevistado na Rádio Metropole nesta sexta-feira (13), o jornalista e escritor Sérgio Rodrigues falou sobre o processo de descobertas a respeito da história da morte de Elza Fernandes, durante a construção do seu livro intitulado Elza, a garota.

Elvira Cupello Colônio, que usava o codinome de Elza Fernandes, foi uma militante comunista morta pelo próprio partido após ser acusada de traição. Nas pesquisas sobre a história da mulher, Sérgio encontrou discrepâncias no que era relatado sobre ela. Além de ser carioca e não nascida em Sorocaba como consta nos relatos, ao invés de 21 anos, Elza foi morta aos 14.

“Eu conheci a história, havia ouvido falar na faculdade, conhecia mais a lenda do que a história [...] A Elza virou uma bandeira anticomunista e ficou tão associada a isso que acabou por perder toda a sua humanidade e isso explica termos chegado em 2023 sem saber direito quem era essa menina [...] Ela caiu em uma fresta do nosso mundo político ideológico e desapareceu”, contou Sérgio.

O escritor realizou uma análise sobre como o cenário político brasileiro foi responsável pela desumanização da vida de Elvira. A esquerda na tentativa desenfreada de se desvincular da história e a direita, por sua vez, preocupada em usar como massa de manipulação.

“Quando comecei a pesquisar eu vi que a história tinha lacunas demais e que essas lacunas foram fabricadas por nós. Fabricadas pela esquerda que recalcou essa história e não queria falar disso e mal baratada pela direita, que foi incompetente demais para contar uma história que seria favorável a ela. Foi de uma incompetência e falta de cuidado com a verdade histórica impressionante [...] Virou uma grande fake news e eu acho que a Elza acabou pagando por isso”, pontuou.

A desconfiança de que Elza teria traído o movimento, surgiu após ela ser presa junto com o namorado, Antônio Maciel Bonfim, que era secretário geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Elza foi solta rapidamente, enquanto Maciel foi duramente torturado. O curto período da sua prisão, gerou burburinhos no movimento, que realizou um “tribunal revolucionário”, através de bilhetes, que decidiu por unanimidade matar Elza. Na análise de Sérgio, a decisão foi tomada baseada em padrões de gênero.

“O fato é: por que escolheram essa menina para justiçar e mandar um recado? Por que escolheram a Elza e não outros que sabidamente também entregaram companheiros sob tortura, sabidamente entregaram companheiros naquele momento inclusive sem tortura? Não é que não possa ter havido traição por parte da Elza, é que comprovadamente houve traição por parte de muitas outras pessoas que sendo homens, sendo mais velhos e tendo mais poder, foram deixados em paz. Isso é o que eu acho triste na história, tem um elemento de covardia, de misoginia. Eu acho que a Elza morreu justamente porque tinha 14 anos, era mulher, pobre e descendente de imigrantes italianos”, completou. 

Confira a entrevista na íntegra: