"Não é com guerra que você recupera territórios que perdeu", destaca pesquisador sobre combate ao crime organizado

Em entrevista para a Rádio Metropole nesta terça-feira (31), o sociólogo e pesquisador Gabriel Feltran destacou quatro pontos para um novo modelo de segurança pública que escapa das ficções de que o crime é combatido no Brasil. 

De acordo com o pesquisador, um dos pontos é criar um plano nacional de esclarecimento de homicídios. Quando há conflitos entre criminosos que se matam ou que a polícia mata, não existe nenhum tipo de investigação desse homicídio por parte dos estados.   

“67% dos homicídios não geram nenhum tipo de investigação, significa que são homicídios investigados pelas facções que vão fazer o tribunal do crime e regrar esse homicídio. Não é com guerra que você recupera territórios que você perdeu, é investigando, mostrando que quem regula a vida e a morte ali é o Estado”, explicou.

Outro fator necessário, é evitar que as cadeias no país se tornem instituições que "formam" criminosos. “Deixar preso quem precisa estar preso, por cometer crimes violentos e, de fato, foi avaliado como risco para a sociedade”.

Ainda de acordo com Gabriel Feltran, é necessário proibir a politização das Forças Armadas. “Não é à toa que tem tanto policial querendo se eleger e querendo ocupar cargos [...] Na maioria dos países civilizados do mundo, não é permitido que uma pessoa que seja de uma força armada executiva seja ao mesmo tempo político. Têm que ser forças controladas pelo governo e não que controlem”.

Por fim, Feltran destacou a necessidade de regular os mercados ilegais para que o dinheiro seja convertido em desenvolvimento e não em violência armada. “A  época da deliquência, do pequeno ladrãozinho isolado acabou. Estamos falando de crime organizado de mercados transnacionais, estamos falando de muito dinheiro.

Confira a entrevista na íntegra: