Francisco Hora - Salvador e o progresso do calor

Como todos nós já sabemos, no show da cantora Taylor Swift, neste último 17 de novembro no Rio de Janeiro, mais de mil pessoas jovens e saudáveis apresentaram desmaios, síncopes e situações que as levaram a ser atendidas antes ou durante a apresentação. Uma delas, de 23 anos, evoluiu para o óbito. Nesse dia, a sensação térmica no Rio de Janeiro bateu o recorde de quase 60ºC centígrados e uma combinação funesta de alta temperatura e hidratação insuficiente foi determinante para este fatídico desfecho. 

Nas últimas semanas, as temperaturas médias brasileiras permaneceram no mínimo cinco graus centígrados acima da média esperada por mais de cinco dias consecutivos, o que levou o Instituto Nacional de Meteorologia a emitir o alerta. 

Apesar de morarmos em um país tropical e de estarmos acostumados com o calor, a alta temperatura por longos períodos pode trazer riscos à saúde, quando o ar fica mais quente que a temperatura da pele, normalmente é de 36ºC a 37°C, ou se o suor não evapora, a temperatura central do organismo começa a subir gradativamente. Algumas pessoas são especialmente vulneráveis a isso, como idosos, crianças, pessoas com problemas renais cardíacos, respiratórios ou circulatórios, indivíduos com diabetes, gestantes e a população em situação de rua.

Podemos prever que casos de adoecimento pelo excesso de calor vão se tornar cada vez mais frequentes. Ainda em setembro, tivemos uma onda de calor e houve um estudo para verificar qual o papel das mudanças climáticas naquela ocasião. As mudanças climáticas já não são mais ameaças distantes, elas estão acontecendo agora mesmo. Enquanto isso, tornar as nossas cidades como Salvador, por exemplo, mais verdes e arborizadas parece algo distópico frente à sanha de concreto e cimento armado que a tudo engole, encaixota, em nome do emprego e renda que nunca são de fato gerados. E tome prédio alto e viaduto!

Francisco Hora, médico e comentarista da Rádio Metropole
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