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Com embate público de Lira e Padilha, jornalista prevê que Rui Costa assuma articulação na Câmara dos Deputados

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Com embate público de Lira e Padilha, jornalista prevê que Rui Costa assuma articulação na Câmara dos Deputados

Jornalista e autor do livro "Mil dias de tormenta: A crise que derrubou Dilma e deixou Temer por um fio", Bernardo Mello Franco concedeu entrevista à Metropole e avaliou embate entre Arthur Lira e Alexandre Padilha

Com embate público de Lira e Padilha, jornalista prevê que Rui Costa assuma articulação na Câmara dos Deputados

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Metro1 no dia 15 de abril de 2024 às 13:53

Atualizado: no dia 15 de abril de 2024 às 17:35

“Estamos diante de uma disputa de poder e por dinheiro do orçamento”. É assim que o jornalista e escritor Bernardo Mello Franco traduziu, em entrevista à Rádio Metropole nesta segunda-feira (15), o embate que se instaurou entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). Na última semana, Lira chamou o responsável por articulações políticas do governo Lula de “incompetente” e “desafeto pessoal”. Agora, segundo análise feita pelo jornalista, que é também autor do livro "Mil dias de tormenta: A crise que derrubou Dilma e deixou Temer por um fio", quem deve articular com a Câmara é o ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Rui Costa.

“Tudo que envolve Lira tem que ser visto por essa perspectiva. Você tem um presidente da Câmara que se acostumou, no governo passado, a mandar no Orçamento da República. O Orçamento Secreto, as Emendas Pix, uma série de mecanismos que foram feitos durante o governo Bolsonaro e que deram um poder quase absoluto sobre a destinação do dinheiro público. Quem estava governando de fato era o Lira, o centrão”, avaliou o jornalista

“Isso mudou desde o começo do governo Lula, primeiro porque o Supremo acabou com o Orçamento Secreto e depois porque o governo introduziu a ideia de controle do orçamento, de ter ministros decidindo para onde vai o dinheiro público. Lira queria manter essa distorção”, emendou. 

As críticas públicas de Lira ao ministro aconteceram na última quinta-feira (11), ao ser questionado sobre os votos de aliados contra a prisão de Chiquinho Brazão (sem partido), deputado federal apontado como um dos mandantes da morte de Marielle Franco. Após as declarações, o presidente Lula disse que a função de Padilha como articulador político no Congresso Nacional é "um trabalho muito difícil" e que agora ele enfrenta a "fase da cobrança depois de uma lua de mel". Lula afirmou ainda que "só por teimosia" iria manter Padilha no cargo "por muito tempo".

Na entrevista à Metropole, o jornalista lamentou o posicionamento de Lula. “É uma pena que a gente veja como no Brasil as relações pessoais, as simpatias e antipatias acabam influindo tanto em assuntos que deveriam ser tratados com mais seriedade. Eu faço crítica a Lira, mas também à fala de Lula. Esse excesso de personalização nas relações de poder, você tratar como vontade de um, pirraça do outro, teimosia do terceiro, isso é ruim para a democracia”, afirmou.

De acordo com Bernardo, a relação conturbada de Padilha e Lira já não era novidade. Ele traduz o presidente da Câmara como um personagem que é herdeiro direto de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e alguém que, segundo o jornalista, “tem o costume de jogar pesado” e “aprendeu a regra da negociação com a faca no pescoço”. 

"Lira já havia pedido a cabeça de Padilha e Lula não quis demitir. Provavelmente o Padilha deixa de falar com a Câmara, continua articulando pelo governo com o Senado e quem atende Lira é o ministro Rui Costa, da Casa Civil. É uma solução ideal? Longe disso. É uma gambiarra para que Lula não se veja obrigado a demitir o ministro que ele próprio nomeou por exigência do Lira. O problema do Lira não é o Padilha, é a existência de um ministro que cuida da articulação política, porque no governo Bolsonaro quem fazia isso era ele próprio, ele tinha a chave do cofre. No momento que a chave fica na mão de um ministro indicado por outro presidente, ele vai sempre tentar sabotar essa relação”, avaliou.

Confira a entrevista na íntegra: