Paulo Costa Lima aponta arte como ato de coragem em tempos sombrios: “temos que plantar um mundo de esperança”

A nova música de Caetano Veloso “Um baiana” se mostra além de um lançamento artístico, mas como um manifesto político e como um grito urgente pela paz, até como uma intervenção ao genocidio que tem acontecido em Gaza. A canção, que denuncia a lógica dos que lucram com a guerra, foi analisada pelo compositor Paulo Costa Lima durante o Jornal da Metropole no Ar desta quarta-feira (6). Ele apontou que a música surge como resposta direta aos horrores de conflitos atuais e disse que a cultura tem uma função social como ferramenta de resistência e esperança.

“Temos que plantar um mundo de esperança, né? Por mais perigoso que seja. E acho que é isso que você [MK] fez aqui hoje com esse editorial. E que o Caetano – eu digo um jovem octogenário, porque Caetano não deixa de ser jovem – também fez com essa canção”, afirmou o compositor.

Segundo Costa Lima, Caetano Veloso entende que sua arte é convocada por um tempo de urgência e dor. Ele também disse que a referência ao BaianaSystem, marcada por ritmo, crítica e ancestralidade, aciona a força da cultura baiana para lembrar que não se pode silenciar diante da barbárie. “Os da guerra acreditam que mandam na Terra”, diz a letra. Em contraste, Lima apontou que a música insiste na paz como resistência, em tempos em que civis são bombardeados e calados no Oriente Médio e em tantas periferias do mundo.

“É a paz está sendo construída, proposta e lembrada a partir da cultura, a partir disso que é uma espécie de religare, assim como a religião é um religare, a cultura é um religare. Nessa cultura, portanto, somos Nordeste, somos Bahia, esse ‘Somos Bahia’ vai ficando cada vez mais claro na canção, porque a canção é uma grande metáfora que toma o Baiana System como objeto”, concluiu.

Confira a entrevista completa: