Kakay aponta Bolsonaro como figurante em estratégia de Trump: “não tem relevância nenhuma para movimentar tanto”

O acirramento político envolvendo Jair Bolsonaro e seus aliados, marcado por ataques ao Supremo Tribunal Federal e tentativas de mobilização internacional, foi analisado pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, durante o Jornal da Metropole no Ar desta quarta-feira (13). Ele afirmou que o movimento bolsonarista tenta, de forma assumida, buscar interferência externa no Judiciário brasileiro, inclusive com apoio de líderes estrangeiros, e que esse é um fato grave para a estabilidade democrática brasileira. No entanto, ainda que Trump se movimente de alguma forma, Kakay apontou que Bolsonaro não tem a impôrtancia, pois é apenas uma ferramenta de uma estratégia de Donald Trump.

“Temos um presidente norte-americano autocrata, um presidente absolutamente dissociado da realidade. Ele ontem, antes de ontem, pra justificar botar a polícia nacional em Washington, justificou dizendo que as capitais brasileiras estão muito violentas, que citou Brasília. Ele é completamente dissociado da realidade, é óbvio que, na nossa visão, as questões que a gente tem passam muito mais pelas big techs. Não é por causa de Bolsonaro. Bolsonaro não tem relevância nenhuma pra movimentar tanto. Mas está sendo usado, de forma oportunista, e isso é muito ruim, porque dá uma instabilidade”, disse.

Kakay destacou que o processo contra Bolsonaro e outros réus é um dos mais relevantes da história recente, com possibilidade de julgamento já em setembro. Para ele, a condução firme do STF, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, é essencial para garantir o devido processo legal e preservar a democracia, mesmo diante de pressões e discursos inflamados. Além disso, ele apontou que, atualmente, a hegemonia norte-americada tem caído cada vez mais, o que revela a decadência dos EUA.

"O Brasil, hoje, tem um grau de dependência pra exportação que é muito menor do que era um tempo atrás. Nós temos uma série de fatores que demonstram isso, como a questão do PIX, a coragem do STF de fazer um julgamento importantíssimo contra as big techs. Eu já fui um crítico ferrenho do Judiciário, que é patrimonialista e elitista, mas, neste momento, é o poder que está sustentando a democracia. Nós precisamos julgar esse processo para virar a página, deixando claro que ninguém está acima da lei”, concluiu.

Confira a entrevista completa: